A morte do líder da oposição russa, Alexei Navalny, em uma prisão no Ártico, nesta sexta-feira (16), fez com que autoridades estrangeiras colocassem o óbito na conta do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre quem normalmente recaem as suspeitas sempre que um desafeto dele morre. O fato de o opositor ter sido envenenado em um avião comercial, em 2020, e sobrevivido, também contribuiu para fortalecer a teoria de que o mandatário queria eliminá-lo
Navalny cumpria pena em uma colônia a 1.900 km de Moscou. Ele retornou à Rússia em janeiro de 2021, após cerca de três meses de tratamento em um hospital alemão devido a um envenenamento pelo agente nervoso Novichok, ingerido em um chá que tomou durante o voo. Logo no desembarque, o político foi preso.
Navalny, um ex-advogado que ganhou destaque ao satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e alegar grande corrupção no governo, foi condenado em agosto de 2023 a mais 19 anos de prisão, além dos 11 anos e meio que já cumpria.
O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu em agosto de 2023, na queda de um avião nos arredores de Moscou. A suspeita é que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esteja por trás do episódio. Em 23 de junho, Prigozhin, então braço direito de Putin na guerra na Ucrânia, articulou uma rebelião contra o governo do mandatário e depois recuou. À época, Putin definiu a tentativa de motim como uma ‘traição’ e prometeu punir o responsável.
Em 25 de dezembro de 2022, o magnata russo Pavel Antov morreu, após ter caído da janela de um hotel, em Rayganda, na Índia, dias depois de seu 65º aniversário. O deputado milionário criticou a guerra de Putin contra a Ucrânia no WhatsApp por um ataque com mísseis em Kiev, capital da Ucrânia, mas rapidamente apagou a mensagem e alegou que outra pessoa a escrevera.
Em setembro de 2022, Ravil Maganov, presidente da Lukoil, empresa de gás e petróleo, morreu em circunstâncias parecidas — ao cair da janela de um hospital, em Moscou. Ele também criticava abertamente a invasão da Ucrânia pela Rússia e apelou ‘ao fim mais rápido do conflito armado’, conforme foi mostrado em um relatório. Uma declaração, agora excluída, da Lukoil alegava que o homem, de 67 anos, havia morrido em decorrência de uma ‘doença grave’.
Diretor do conselho administrativo da Lukoil, o bilionário Alexander Subbotin foi encontrado morto em maio de 2022. Ele estava na casa de um líder espiritual indígena e acredita-se que tenha sido intoxicado com veneno de sapo. O conselho da companhia havia se posicionado contrário à invasão da Rússia à Ucrânia.
Boris Nemtsov, um político da oposição russa e ex-vice-primeiro-ministro que era um crítico ferrenho do presidente russo foi morto a tiros a poucos metros do Kremlin, no centro de Moscou, em fevereiro de 2015. Ele foi baleado quatro vezes nas costas enquanto caminhava por uma ponte sobre o rio Moskva acompanhado de uma mulher.
Em março de 2013, o oligarca russo Boris Berezovsky foi encontrado morto em sua casa em Berkshire, condado da Inglaterra. Ele teria fugido para o Reino Unido depois de um desentendimento com Putin e, durante seu exílio, ameaçou derrubar o presidente russo pela força. Berezovksy foi encontrado dentro do banheiro de sua casa com uma abraçadeira enrolada no pescoço. Embora o inquérito aponte morte por suicídio, o legista não conseguiu explicar como ele morreu.
Em novembro de 2015, o então ministro da Imprensa da Rússia, Mikhail Lesin, foi encontrado morto com ferimentos na cabeça em um quarto de hotel, em Washington, capital dos EUA. Ele esteve durante anos no centro da vida política na Rússia e conhecia com profundidade o funcionamento do grupo dos ricos e dos poderosos. Antes de morrer, considerava fazer um acordo com o FBI para se proteger de acusações de corrupção.
A jornalista Natalia Estemirova, a mais proeminente defensora dos direitos humanos na Chechênia, foi sequestrada na casa onde morava, em 2009, e encontrada pouco tempo depois em uma floresta com ferimentos de bala na cabeça. Ela denunciava violações russas na região.
Também em 2009, o advogado de direitos humanos Stanislav Markelov foi baleado por um homem mascarado perto do Kremlin. A jornalista Anastasia Baburova, que caminhava com ele, também foi baleada e morreu. Markelov representou jornalistas que criticavam Putin, entre eles Anna Politkosvkaya. Ela escreveu o livro A Rússia de Putin, em que acusa o presidente russo de transformar o país em um estado policial.
Anna Politkosvkaya foi morta em 2006 por assassinos contratados, que atiraram nela à queima-roupa no elevador em frente ao seu apartamento. Cinco homens foram condenados pelo crime, mas o juiz concluiu que foi um assassinato por encomenda.
Em novembro de 2006, Alexander Litvinenko, um ex-agente da KGB, o serviço secreto russo, morreu três semanas depois de beber uma xícara de chá, que havia sido misturado com veneno. Um inquérito britânico descobriu que ele foi envenenado pelos agentes do Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em inglês) Andrei Lugovoi e Dmitry Kovtun. Os funcionários agiram sob ordens que ‘provavelmente’ foram aprovadas por Putin e pelo secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev.