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Transnordestina planeja terminal de cargas no Sertão Central e projeta 9 mil empregos no ápice da obras

Previsão é de que obra seja concluída em solo cearense, na chamada fase 1, até 2027

As obras da Ferrovia Transnordestina seguem avançando no Ceará rumo ao ponto final no Estado, no Porto do Pecém. A expectativa é de que as operações da via-férrea devem começar já no próximo ano, antes mesmo da conclusão de todos os trechos.

 

O trecho entre São Miguel do Fidalgo (PI) e o Sertão Central cearense deve funcionar já em 2025, com transporte de cargas e um terminal para descarga de materiais. No ápice das obras, devem ser gerados cerca de 9 mil empregos diretos e 45 mil indiretos.

Essas foram as projeções feitas por Tufi Daher Filho, diretor-presidente da Transnordestina Logística S.A. (TLSA) — empresa responsável pela ferrovia, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste. Segundo o gestor, as operações vão ocorrer inicialmente de forma experimental.

“A boa notícia é que, mesmo antes de chegar no Porto do Pecém, a partir de 2025, vamos começar o transporte de cargas de São Miguel do Fidalgo e trazer soja, milho e outras cargas que vão surgir e trazer para essa região do Sertão Central, nessa bacia leiteira que existe na região de Quixeramobim, Quixadá e Piquet Carneiro, onde tem muito consumo de grãos” Tufi Daher Filho, Diretor-presidente da TLSA

O diretor-presidente explica que a ferrovia vai funcionar como um teste para quando o trajeto conhecido como “L”, que interligará futuramente Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE), estiver em plena operação.

“Já contratamos o projeto executivo para por um terminal de carregamento [em São Miguel do Fidalgo], e teremos um terminal de descarga na região [do Sertão Central], que está sendo definido qual é o melhor ponto, para que possa abastecer toda a região do Sertão Central de grãos”, completa.

Transnordestina chega a Acopiara até fevereiro, garante TLSA

Os 11 trechos da ferrovia que passam totalmente pelo Ceará continuam avançando. O lote 1 (Missão Velha — Lavras da Mangabeira) foi concluído no primeiro semestre de 2023. No segundo semestre, a TLSA entregou o trecho 2 (Lavras da Mangabeira — Iguatu).

Atualmente, está em construção o lote 3 (Iguatu — Acopiara), com 38 dos 50 quilômetros já concluídos. De acordo com Tufi Daher Filho, a conclusão do trajeto deve acontecer até “meados de fevereiro”.

Na última terça-feira (16), a empresa Marquise Infraestrutura revelou que venceu a disputa na TLSA para iniciar a construção nos trechos 4 (Acopiara — Piquet Carneiro) e 5 (Piquet Carneiro — Quixeramobim). A previsão é de que as obras sejam iniciadas no mês de março, e concluídas em “menos de dois anos”, conforme a construtora.

Durante as obras, a empresa espera que sejam gerados até 1.300 empregos diretos ao longo das cidades por onde passará a construção da via-férrea. Não há informações sobre valores de contratação.

Já é de responsabilidade da Marquise a construção dos lotes 1, 2 e 3. Além disso, o diretor-presidente da Transnordestina Logística também confirma que a licitação do trecho 6 (Quixeramobim — Quixadá) está “em processo final” junto às empresas interessadas. 

As obras nos três trechos devem ser feitas simultaneamente, em trajeto de pouco mais de 150 quilômetros entre as três cidades do Sertão Central. Os lotes restantes (6 a 11) devem ser licitados ainda em 2024, concluindo toda a parte de contratos referentes a pré-construção da ferrovia.

“A expectativa é de, neste ano, a gente contratar tudo. É o nosso planejamento, é isso que o acionista espera para pormos um fim nessa construção e passarmos a tratar só de negócios, de trazer indústrias, empresas, geração de emprego e produção para essa região”, diz Tufi Daher Filho.

Investimentos bilionários

Somente nos trechos que passam 100% pelo território cearense são 527 quilômetros de Ferrovia Transnordestina (não entra no total o trecho entre Salgueiro, em Pernambuco, e Missão Velha, já no Ceará). Desse percurso, 138 quilômetros já foram executados, 26,3% da obra.

Os 389 quilômetros restantes, principalmente no trecho entre Acopiara e o Porto do Pecém, devem custar R$ 6,5 bilhões, como explica Tufi Daher Filho, além dos investimentos em infraestrutura portuária própria. Devem ser gerados, quando a construção atingir o seu auge, milhares de empregos diretos nos canteiros de obras.

“Até meados de 2027 chegamos com a obra pronta até o Porto do Pecém, inclusive com a nossa estrutura portuária pronta também. Só nesse trecho do Ceará, nessa parte na qual estamos contratando, é um investimento de R$ 6,5 bilhões, fora o [investimento no] porto, que serão mais R$ 2 bilhões. São vultosos investimentos com uma geração de empregos. No pico dessa obra, vai chegar a nove mil empregos diretos e, indiretos, cerca de 45 mil” Tufi Daher Filho, Diretor-presidente da TLSA

Segundo o gestor da ferrovia, desse total, somente R$ 811 milhões foram liberados através do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), administrado em conjunto pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e Banco do Nordeste (BNB). 

A liberação de outros R$ 2,5 bilhões em 2024, que devem vir do FDNE e de empréstimo junto ao BNDES, devem viabilizar a contratação dos cinco trechos pendentes, acelerando o andamento da infraestrutura nas regiões do Ceará.

“A gente tem a expectativa, ainda neste ano, de serem liberados, das fontes existentes, o empréstimo que estamos trabalhando para ver se conseguimos, junto ao BNDES, mais R$ 1,5 bilhão. Temos a perspectiva, ainda neste ano, de colocar pelo menos mais R$ 2,5 bilhões e, com isso, a gente já contrata infraestrutura de todos os trechos [até o Porto do Pecém]. Não é suficiente para terminar, mas é suficiente para dar início a toda a infraestrutura e contratar a obra toda”, projeta o diretor-presidente da TLSA.

Segundo Daher Filho, a Transnordestina Logística já investiu R$ 4 bilhões nas obras, além dos empréstimos a serem pagos. “Em 2027, a gente vai estar pleno no início de cargas abundantes para exportação e, quando se traz grãos para exportação, em sentido contrário, vem combustível, fertilizante, tem toda a indústria cimenteira, a parte de contêineres que pode tanto exportar quanto importar, tem o polo gesseiro lá em Pernambuco. Se tiver logística adequada e valor competitivo, acaba colocando isso nos mercados externos de forma super competitiva”, disse.

“A logística hoje fica mais cara do que o próprio produto se for de caminhão. Quando se tem transporte ferroviário, que transporta grandes volumes em grandes distâncias e a custos menores, fica competitivo no mundo inteiro”, completa.

A TLSA administra as obras da Transnordestina entre Eliseu Martins e Porto do Pecém. O trecho entre São Miguel do Fidalgo e Iguatu, com aproximadamente 630 quilômetros, já está concluído. 

No Ceará, a construção recebeu da companhia o nome de “fase 1”. Quando for concluída a ferrovia no Estado, será dado início à “fase 2”, entre São Miguel do Fidalgo e Eliseu Martins. O trecho tem cerca de 130 quilômetros de extensão.

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