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quarta-feira, novembro 6, 2024
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O canto dos galos

Encontrei-me no SALIPI de 2023 com meu amigo poeta Paulo Tabatinga e ele enfiou um livro na minha pasta. Um pouco antes havia dado de cara com amigo professor Wilson Seraine, que além de me dar um livrinho dele, chamou um poeta cordelista gonzagueno dos bons e fez o cara autografar e me dar de presente um outro livro.

 

Com a poeta conterrânea Marina Campelo conversei muito e ela me puxou pra foto oficial da Cochacor (Cordelaria Chapada do Corisco). Dali a quinze minutos o encontro foi com o poeta Salgado Maranhão.  E quando fui lanchar veio o poeta e conterrâneo Demétrios Galvão me apresentar o filhinho dele, Francisco, que já lê poesia e fica do lado do pai em apresentações poéticas.

No evento principal, ao lado do professor Romero e da professora Ximenes, de Piripiri, com seus mais de cem alunos falamos de literatura e poesia. Mais tarde encontrei com outro amigo poeta, Elmar Carvalho. Mais papo poético.

O último abraço que dei e levei só naquela noite foi da competente poeta Luiza Cantanhêde. Então, vamos tirar os poemas do bolso, pessoal. Afinal um poema puxa o outro como os cantos dos galos, no poema ‘Tecendo a Manhã’, de João Cabral. Vou tomar a liberdade e publicar três dos meus que estarão no meu próximo livro de poesia.

 

O poema

Meu poema reto
De arestas escarpadas
Contido nessa cidade concreta
De cimento, vidro e mágoa

Soco seco desferido
Contra o estômago famélico do dia

Melancolicamente esboçado
Meu poema desmaiado do lado
Desses despossuídos bêbados e mendigos

E, no entanto, e mesmo assim, vos digo:
Poema geminado em verbos-jardins
Na cegueira ambiental das flores
Detritos de saudade
Borrifados pela cidade

 

Malogro

Meu amor não solte os cachorros
Contra meu coração tão zeloso
Não o jogue aos leões, tenha presteza,
Olhe que só o amor sabe dessa certeza
Que o coração guarda sem saber

Há um poema bem aqui
Que nem o do poeta de Itabira
Um poema que birra em não nascer
Daqui a pouco ele levanta voo pra nunca mais
Ou quem sabe se materializa no papel:
Decifra-me se fores capaz!

 

A cabeça do poeta

A cabeça do poeta
É a cabaça da poesia
O balaio dos poemas
O corpo  quente e a alma fria

A cidade pro poeta
É a cilada no cio
Na pele tênue das palavras
Em cada esquina um assobio

 

(*) Ilustração do genial artista plástico pedro-segundense José de Arimatéa. Eis o lnk do Insta dele:https://www.instagram.com/josedearimateaartwork?igsh=eWF0Y3doenltaXJp

ERNÂNI GETIRANA (@getirana) é professor, poeta e escritor. Faz parte da APLA, ALVAL, UBE-PI e do IHGPI. É autor, dentre outro livro, de “Lendas da Cidade de Pedro II”. Recentemente dirigiu o cocumentário “O Brilho das Letras e das Artes no Município de Pedro II: A História da APLA”(https://www.youtube.com/watch?v=k4p-m2YEPAE&t=1376s) pelo edital da Lei Paulo Gustavo. Escreve sempre às quintas-feiras para essa coluna.

 

 

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