As buscas pelo helicóptero que desapareceu em 31 de dezembro após decolar de São Paulo chegam ao terceiro dia. A aeronave, que ia para Ilhabela, no litoral paulista, sumiu na Serra do Mar. Segundo a Polícia Militar, ela levava três passageiros e o piloto.
O helicóptero saiu da capital paulista às 13h15 e fez o último contato às 15h10. As autoridades foram notificadas sobre o sumiço apenas às 22h40 e a operação para encontrá-lo começou no dia 1°.
O desaparecimento
O helicóptero modelo Robinson R44 desapareceu na véspera do Réveillon. Saiu do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, com destino a Ilhabela, no litoral paulista.
Autoridades responsáveis pelas buscas foram notificadas no final da noite do dia 31. No dia seguinte, o grupamento aéreo da base de São Paulo sobrevoou a região em busca de pistas, A busca conta com FAB (Força Aérea Brasileira), PM e cooperação da Polícia Civil.
“É uma área de grande extensão, próxima de São Sebastião até quase chegar em Ubatuba”, declarou o capitão Vitor Hugo, piloto do helicóptero águia da PM, em entrevista à GloboNews. “Recebemos alguns pontos, com coordenadas geográficas de GPS, da Força Aérea Brasileira. Seriam pontos em que aeronaves desapareciam do radar, não necessariamente a aeronave em questão.”
Placa de metal foi encontrada, mas não era do helicóptero. “Por volta do meio-dia, recebemos um novo ponto, de possível avistamento de algum destroço, um objeto diferente na mata. Localizamos uma placa de metal que não era da aeronave”, acrescentou o capitão Vitor Hugo.
Quem eram os ocupantes
- Luciana Rodzewics
- Letícia Ayumi Rodzewics, filha de Luciana
- Raphael Torres, amigo de Luciana; teria convidado mãe e filha para o passeio bate e volta.
- Cassiano Tete Teodoro, o piloto.
Passageira relatou mau tempo
Letícia enviou uma mensagem ao namorado afirmando que a aeronave chegou a fazer um pouso de emergência na mata. A informação foi confirmada pela tia da passageira, Silvia Santos.
Ela mandou um vídeo mostrando o mau tempo, por volta de 14h do dia 31 de dezembro, relatando que estava “perigoso”, com “muita neblina” e que, por isso, voltariam para a capital.
Pouco depois, a aeronave desapareceu.
Diálogo de piloto mostrou preocupação com mau tempo
Teodoro narrou a Jorge Maroum, dono do heliponto em que deveria pousar, que as condições climáticas estavam ruins durante o voo.
O dono do heliponto chegou a orientar que o piloto tentasse aumentar a altitude da aeronave para escapar das nuvens, mas Teodoro afirmou que não era possível.
Depois de algumas conversas, às 15h13, Maroum relata ter tentado contato mais uma vez com o piloto, mas já sem sucesso.
Piloto tinha recuperado licença, mas não podia fazer táxi aéreo
Cassiano Tete Teodoro teve a licença cassada em 15 de setembro de 2021 “por condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”, segundo nota da Anac ao UOL.
O piloto teria cometido evasão de fiscalização, fraudes em planos de voo e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino. Ele tentou recorrer da condenação, mas a Justiça manteve a decisão da Anac.
Teodoro recuperou a licença apenas em outubro de 2023, depois de cumprir a punição de dois anos.
Apesar de poder voltar a voar, ele não estava autorizado a comandar voos comerciais, como táxi aéreo.
A Anac destaca que não teve confirmação de que Teodoro comandava o voo que sumiu.
A aeronave que desapareceu em São Paulo estava autorizada a voar, mas também não tinha permissão para realizar táxi aéreo.
Defesa afirma que fiscais da Anac não estavam identificados
Cassiano Tete Teodoro perdeu a licença por um incidente de 2019, no Campo de Marte, em que teria ignorado a orientação de funcionários da Anac para parar o avião em que estava.
A defesa do piloto alega que ele já tinha autorização da torre para decolar e que se assustou ao ver os funcionários na pista, que estariam sem colete da Anac.
“No momento em que estava realizando o procedimento de táxi, surgiram duas pessoas, sem qualquer identificação visível, acenando para o piloto. Destaca-se que ausência de colete indicativo da ANAC dificultaria o reconhecimento, uma vez que apenas um crachá ou algo que o valha, não seria adequadamente visualizado pelo piloto, que estava ocupando o cockpit da aeronave.” Érica Zandoná, advogada de Cassiano Tete Teodoro
O piloto seguiu com a decolagem. Ele teria descoberto apenas depois que as pessoas na pista eram servidores da Anac que cumpriam fiscalização.
Após a abordagem frustrada, os agentes decidiram enquadrar Teodoro por evasão de fiscalização, segundo a defesa. Em um primeiro momento, ele foi suspenso por 60 dias e teve que pagar multa no valor de R$ 2.100. Depois, a punição foi transformada em cassação de licença.
Questionada sobre a atuação do piloto em táxi aéreo, a advogada preferiu não se pronunciar até a averiguação dos fatos.
Zandoná ainda afirma que não tem informações sobre o sumiço da aeronave e que não fala com Teodoro desde antes do recesso de final de ano. “A defesa espera breve notícias de que todos os ocupantes do voo foram encontrados a salvo.”