Um grupo de mulheres acusa a dona de uma clínica de estética em Fortaleza, no Ceará, por gravar imagens das clientes nuas e sem consentimento.
O que aconteceu
A dona do estabelecimento, identificada como Val Silveira, estaria filmando clientes, amigos e familiares sem permissão.
As imagens gravadas sem consentimento foram expostas. Na segunda-feira (11), os perfis da dona da clínica começaram a publicar diversas fotos, mostrando diferentes clientes.
Os registros foram postados com tarjas e as clientes foram convidadas a enviar mensagens para ter acesso a todo o conteúdo gravado delas. No perfil, o responsável pela exposição do caso se diz “mais uma vítima” da mulher.
A Secretaria de Segurança Pública do Ceará afirmou que investiga a denúncia de “crime contra a dignidade sexual, que teria sido praticado em ambiente virtual”. Segundo a Polícia Civil, boletins de ocorrência foram registrados na delegacia do 6° Distrito Policial, e transferidos para a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza.
A dona da clínica também registrou um boletim de ocorrência e afirmou que teve o perfil nas redes sociais invadido, informou a polícia.
Um vídeo da empresária explicando o caso circula nas redes sociais. Nele, Val diz que vai voltar à delegacia porque “só quero que resolva isso”. “Não fiz isso com ninguém, tá? Eu tenho minha versão da história. Tem muita coisa que já falei para a polícia que vocês não sabem, e que se eu falar também não vai resolver nada”, afirma.
O UOL tenta contato com Val. O espaço fica aberto para manifestações.
Influencer filmada nua desabafa: ‘Era o meu momento de relaxar’
Beth Campêlo, uma das vítimas filmadas sem consentimento, contou que era cliente da clínica há 4 anos. Ela fez um desabafo sobre o caso nas redes sociais e afirmou nunca ter imaginado passar por isso.
“Era o meu momento de relaxar. Nunca imaginei que a Val [dona da clínica] faria isso, nunca mesmo, nunca imaginei. Teve um momento que eu meio que notei [que era filmada], e aí ela já justificou: ‘amiga, eu bati só uma foto para acompanhar teu resultado’. E eu falei ‘de boa’, porque nunca imaginei”, explicou.
A cliente disse que Val fingia que estava mandando áudio no celular para gravá-las: “No meu vídeo eu chego bem perto dela e falo: ‘Amiga, olha esse meu sinal’. Não tinha como a gente saber que ela estava gravando a gente”, garantiu.
Ainda segundo Beth, a pessoa que fez as publicações expondo as gravações a procurou e contou que, entre os conteúdos de clientes, havia vídeos também de familiares e até dos filhos de Val, que seriam crianças: “Tem vídeo dos filhos dela, ela gravava os próprios filhos. (…) Ela pede para a criança ficar pelada, a criança pede: ‘mamãe não grava’, e ela grava e mostra. Aí eu falei: ‘custe o que custar, eu não vou deixar isso passar, porque não é mais sobre mim, não é mais sobre uma pessoa, é sobre um monstro'”, disse Beth, explicando porque mudou de ideia e decidiu denunciar o caso à polícia.
A influencer contou também que foi incluída por Val em um grupo no WhatsApp junto a outras vítimas. “O nome do grupo é ‘Vou provar que sou inocente’. Ela criou uma fantasia tão grande, que foi o que me trouxe mais nojo. Ela mesma foi na delegacia fazer um BO (Boletim de Ocorrência) com uma história totalmente fantasiosa”, conta.
“Em um grande resumo, ela disse que tinha um cara na internet, com o codinome de Pedro Lucas, que é namorado virtual dela. E esse cara, um dia mandou sequestrar ela e instalou um aplicativo no celular dela, e esse cara tinha acesso 24 horas à câmera dela. E esse cara, lá de São Paulo, fez nossos vídeos para prejudicar a vida dela. Isso é o que ela diz.” Beth Campêlo, cliente da clínica