Estudos do setor privado estimam que o Brasil precisa de investimentos adicionais da ordem de US$ 130 a US$ 160 bilhões por ano, ao longo da próxima década, para custear a chamada transformação ecológica — um valor total que ficaria entre US$ 1,3 trilhão e US$ 1,6 trilhão no período.
Convertidos pela cotação atual do dólar (em torno de R$ 4,94), os valores representam um aporte necessário entre R$ 6,4 trilhões e R$ 7,9 trilhões nos próximos dez anos.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (1º) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em discurso na cúpula do clima da ONU, a COP 28, em Dubai (Emirados Árabes Unidos). Ele afirmou que esses recursos seriam investidos em infraestrutura para adaptação, energia, indústria e mobilidade.
“A boa notícia é que temos um histórico de capacidade de mobilização de investimentos e de criação de infraestruturas sustentáveis. Se hoje somos um gigante das energias renováveis, é graças a investimentos públicos”, disse Haddad após citar os valores.
De acordo com Haddad, os estudos também indicam que a transformação ecológica poderia gerar de 7,5 a 10 milhões de empregos em todos os setores – com enfoque no segmento de bioeconomia, agricultura e infraestrutura.
O ministro da Fazenda informou que o plano de transformação ecológica é uma proposta do Sul Global por uma nova globalização.
“Uma globalização que seja ambientalmente sustentável e socialmente inclusiva. A reformulação dos fluxos financeiros globais passa pela afirmação do Sul como centro da economia verde”, declarou.
Ele disse ainda que é preciso unir esforços para evitar medidas protecionistas e a fragmentação geopolítica.
“A prosperidade de uns poucos diante da miséria e da devastação ambiental de muitos se torna cada vez mais insustentável em um mundo em emergência climática”, concluiu.
Ainda durante as reuniões da COP 28, Haddad e o representante dos Estados Unidos para questões climáticas, John Kerry, assinaram um comunicado manifestando intenções de ação conjunta para o plano de transformação ecológica do Brasil.
No documento, divulgado apenas em inglês, Haddad e Kerry dizem que os dois países compartilham objetivos como o de zerar a emissão líquida de gases poluentes e criar mercados inovadores em tecnologias limpas.