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Genuino Sales teria gostado

O professor Cineas Santos e eu fomos grandes amigos do professor e escritor Pedro-segundense Genuíno Sales. Ao lamentarmos sua morte em 2018, Cineas reclamava do fato de ele, Genuíno, não haver cuidado em vida de sua própria obra literária como essa mereceria ter sido cuidada.

Tendo a concordar com Cineas Santos, para, em seguida, ousar dizer que a tarefa de estudar, pesquisar, interpretar e, sobretudo, publicizar a literatura de Genuíno Sales, agora, é nossa: acadêmicos, estudiosos, professores e leitores. É uma tarefa das academias, dos grupos de leitura. A favor disso está aí a Lei que dispõe sobre o Ensino da Literatura Brasileira de Expressão Piauiense, a 5.464 de 11 de julho de 2005, de autoria do deputado João de Deus (PT).

Genuíno Francisco de Sales nasceu a 15 de abril de 1938 em Nazaré, comunidade interiorana do município de Pedro II, e faleceu em  Fortaleza, CE a  29 de setembro de 2018. Foi um advogado,  escritor  membro da  Academia Cearense de Letras e da APLA – Academia Pedro-segundense de Letras e Artes. Foi membro efetivo da Academia de Letras do Vale do Longá e da Academia de Letras Maçônicas do Estado do Ceará, além de sócio correspondente da APL- Academia Piauiense de Letras no estado do Ceará.

Foi diretor de ensino da Organização Educacional Faculdade Farias Brito e da Secretaria da Federação dos Empregados de Estabelecimentos Bancários do Norte e Nordeste. Suas obras publicadas são Bem na Safena, (2000), EntreMentes, (poesias), (2003),Análise Sintática, (Caderno do Genuino), (2003), Os sertões, (poesias), (2003), Fins d’Água, (2005)

Recebeu inúmeros prêmios, títulos e condecorações, dentre eles: Vencedor do ‘I Concurso Ceará de Literatura, no gênero conto’, Título de Cidadão Cearense, Medalha do Mérito Renascença em grau de Oficial, do governo do estado do Piauí, Intelectual do Século, outorgado pela Prefeitura Municipal de Pedro II, Medalha do Mérito Cultural prof. Wilson Brandão, conferida pela Câmara Municipal de Pedro II (gestão Walmir Café), Dr. por Notório saber pela Universidade Estadual do Ceará. O Colégio Farias Brito criou a ‘Copa Genuíno Sales’ e o ‘Jardim Genuíno Sales’.

Genuino Sales costumava intitular-se a si mesmo de ‘matuto’. Era muito comum vê-lo parado de pé em alguma esquina da cidade de Pedro II em conversas animadas com pessoas do povo: carregadores, motoristas, fregeiras, e com pessoas que à época costumavam ser chamadas de ‘doidos’.

Mesmo quando estava entre seus pares, seus amigos José Loureço Mourão, Antonio Galvão, Desdete Lima, Hermógenes Alves e tantos outros, mantinha uma conversa brejeira, sempre apontada para as coisas telúricas.

Por doze anos consecutivos deslocava-se de Fortaleza, no Ceará, e vinha a Pedro II participar do FEMUPOK – Festival de Música e Poesia Kolping de Pedro II, comandado pelo professor Afonso Celso Getirana, quando então proferia uma palestra sobre o papel da cultura em uma comunidade.

Na literatura de Genuíno a ‘persona do matuto’ se desnuda por inteiro. Assume o comando das coisas. Ali o matuto traz os assuntos, direciona o olhar do leitor, dialogo com o leitor, traça cenários possíveis, deixa-nos crivados de inquietações existenciais.

Mas quem cuida da linguagem é o intelectual, o homem de letras. É ele quem dirige a prosódia, as figuras de linguagem, as orações entrelaçadas que vão construindo um mundo múltiplo, poético e ao mesmo tempo crítico no qual o matuto se estabelece.
Genuíno Sales frequentava, nos anos 1960, quando jovem, os bailes do Clube 11 de Agosto no qual só pisava a nata da sociedade pedro-segundense de então. Mas quando certa vez ao sair para o sereno da festa se deparou com alguns de seus amigos simples, impedidos de entrarem ao 11 de Agosto, o que fez?

Criou o CROPClube Recreativo dos Operários de Pedro II, ao qual sempre visitava, tomava cerveja e fazia o que mais gostava na vida: conversava animadamente com as pessoas do povo. Certamente se vivo fosse, Genuino teria gostado muito da vinda da APL (presidente Zózimo Tavares) a Pedro II em caráter de itinerância realizar a bela sessão conjunta com a APLA (presidente Pedro Barros) dias 10 e 11 de novembro próximos passados no Memorial Tertuliano Milton Brandão.

Nesse evento, bastante concorrido, estiveram também presentes a prefeita Betinha Brandão, deputado Wilson Brandão, presidente da câmara de vereadores, Carlinhos, Vereadora Esmaela Macedo, vários membros da APL e da APLA.

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) whatsapp: canaldogetirana é professor, poeta e escritor. Pertence ás academias APLA e Vale do Longá e à UBE-PI. É autor de vários livros, dente eles: Debaixo da Figueira do Meu Avô. Escreve às quintas-feiras para esta coluna.

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