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Cuca segue banido do futebol brasileiro. Não conseguiu provar ser inocente da condenação de estupro. De uma menina, na Suíça

Campeão da Libertadores, do Brasileiro e da Copa do Brasil, Cuca não cumpriu o que prometeu quando saiu do Corinthians, pela condenação de estupro na Suíça. Seis meses depois, não provou inocência

Cuca continua um nome proibido nos grandes clubes brasileiros.

 

Entre as possibilidades levantadas na Vila Belmiro, depois da sumária demissão de Diego Aguirre, como Fábio Carille, Vanderlei Luxemburgo, Cuca chegou a ser citado.

E descartado imediatamente.

Apesar da ótima campanha, que levou o clube da Vila Belmiro ao título de vice-campeão da Libertadores da América, em 2021.

Daí a efetivação de Marcelo Fernandes.

O mesmo já havia acontecido no Athletico Paranaense, com a saída de Paulo Turra. Mal vazou o nome de Cuca, como sugerido, o executivo Alexandre Barros tratou de avisar a imprensa de Curitiba que o técnico não seria contratado.

Apesar de seu currículo vitorioso, com 11 conquistas, entre elas a Libertadores, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, o mercado continua fechado para o treinador de 60 anos.

Por causa dos inúmeros protestos que o tiraram do Corinthians, por sua condenação pelo estupro coletivo de uma menina de 13 anos, na Suíça, em 1989, seu nome passou a ser descartado nas maiores equipes do país.

Ele e os jogadores Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi foram detidos em Berna, na Suíça, onde o Grêmio excursionava. Acusados de estupro.

Conseguiram a liberação para aguardar o julgamento em liberdade. Só que voltaram ao Brasil, e o julgamento aconteceu, em 1989, à revelia. Sem a presença do quarteto.

Foram condenados a 15 meses de cadeia.

Mas jamais voltaram à Suíça. E a pena prescreveu após 15 anos, em 2004.

Os quatro condenados pelo estupro de uma menina de 13 anos, na Suíça Reprodução/Revista Placar

Cuca continuou trabalhando normalmente, apesar de o caso ser conhecido, mas pouco comentado no futebol.

“O mundo mudou muito, sabe? Eu trouxe o Cuca do Cruzeiro, em 2011. Eu não sabia o que tinha acontecido. Isso nunca tinha sido falado. Isso não era assunto, nunca foi assunto.

“O primeiro é o seguinte, o Cuca tem que assumir o que fez. Nós não podemos condenar. O que ele tem que fazer? Então chama uma equipe e pede desculpa. Ele tem que se desculpar publicamente”, disse o ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, à ESPN.

Foi no clube que o técnico conseguiu seu maior título: campeão da Libertadores, em 2013.

E não houve nenhum questionamento.

Não importa que Cuca esteja longe do futebol, das entrevistas, desde abril, quando avisou que se afastaria para “limpar seu nome”.

Ele quer provar que não tocou na menina de 13 anos.

Ao contrário do que alega o Tribunal Superior de Cantão, em Berna.

Ele confirmou serem verdadeiros dois artigos do principal jornal de Berna, Der Bund. Neles, há a revelação que foram encontrados traços de sêmen do treinador na garota.

Em casos de violência sexual na Suíça, se a vítima não autorizar, os autos completos dos processos ficam em sigilo por 110 anos.

Títulos não faltam no currículo de Cuca. Mas a pressão dos patrocinadores e da opinião pública é enorme Reprodução/Atlético Mineiro

Foi resgatada uma entrevista que Cuca deu ao Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, em 1989.

As afirmações são constrangedoras.

“A tal menina, a Sandra Pfaffli, era do tamanho de um armário e não tinha carinha de menina, não. Ela subiu para fazer sexo com um de nós no apartamento. O nome, reservo-me o direto de omiti-lo.

“Estavam em pleno ato quando apareceu o pai dela e armou todo aquele escândalo. A partir daí, foram dias e noites infinitas. Estava há cinco dias no Grêmio e com um contrato de cinco meses a cumprir. Pensei que estivesse tudo acabado para mim, embora tivesse consciência tranquila. Quando soube da repercussão do caso na imprensa brasileira, aí mesmo é que me desesperei.”

Ainda no Corinthians, Cuca alegou ter contratado um escritório de advocacia na Suíça para provar sua inocência.

Só que, seis meses depois, não houve reviravolta nenhuma.

Cuca dá raríssimas declarações.

A última postura pública foi em junho, à ESPN.

“Só volto a trabalhar depois de resolvido meu caso. Estou muito empenhado nisso.”

Desde então, são quatro meses de silêncio.

O que aconteceu no Santos se repete pelo país.

Cuca continua vetado.

Amigos ligados ao técnico dizem que ele está inconformado.

Que ele não fez nada.

Que o erro foi não ter participado do julgamento.

O advogado da vítima, Willi Egloff, negou a versão de Cuca de que a menina não o teria reconhecido como um dos agressores sexuais. De acordo com Egloff, ela reconheceu o treinador. E confirmou que os vestígios de esperma seriam mesmo do brasileiro.

O treinador tem uma carreira de 25 anos comandando clubes, desde 1998. Ou seja, um ano antes de sua condenação.

No ano passado, foi até cotado para substituir Tite na seleção brasileira.

No Corinthians, além dos protestos dos torcedores, a gota d’água de sua demissão foi a pressão dos patrocinadores.

Não queriam um treinador condenado por agressão sexual a uma menina de 13 anos.

Cuca passa a maior parte do tempo no Paraná.

Ele está milionário.

‘Eu não sabia’, disse o ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, sobre a condenação por estupro Atlético Mineiro

Pode se aposentar e viver uma vida mais do que confortável sem o futebol.

Seu retorno é mais do que improvável.

Houve julgamento.

Não houve recurso.

A pena foi prescrita.

Só que Alexandre Kalil mostra ter razão em parte de suas declarações.

Os tempos mudaram.

E não há como Cuca se desculpar e a “vida seguir”.

O treinador, além de condenado, assumiria ter mentido.

Tudo mostra que não há caminhos para Cuca retornar ao futebol…

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