A Secretaria da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada) realizou nesta segunda-feira (23) uma reunião para tratar sobre as ações de controle das pragas ligadas à cultura do cajueiro no Piauí. A inciativa é uma resposta às solicitações dos produtores de caju da cidade de Pio IX, no sul do estado, que tem enfrentado problemas em suas plantações em decorrência de infestações de besouros. O encontro realizado hoje, contou com a participação da equipe da Agência de Defesa Agropecuária (Adapi) e também da Embrapa Meio Norte e resultou na criação de uma equipe de trabalho estratégica para o controle do inseto.
“Ao tomarmos conhecimento do caso, enviamos nossos técnicos as Sada e da Adapi para um levantamento prévio da situação. No local, foram coletadas amostras do inseto. Além disso, os profissionais conversaram com os produtores para melhor avaliar o cenário. Essa reunião serviu como base para traçarmos uma estratégia e levarmos a esses produtores uma solução eficaz para a resolução do problema. Vamos atuar para que não haja maiores danos aos produtores”, disse o secretário Fábio Abreu.
Ozael David, gerente de defesa vegetal da Adapi, explica que a infestação nas plantações pode ser explicada por conta de um desequilíbrio ambiental, que acarretou em um aumento populacional dos insetos, atrelado aos poucos recursos alimentares na vegetação nativa. O técnico ainda informou que uma amostra do inseto foi coletada e encaminhada para o setor de entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco a fim de identificar a espécie ou gênero. O resultado deve ser enviado até o final dessa semana e servirá como base para a execução do plano de controle da praga.
“Durante visita às plantações, a Adapi constatou o problema em campo coletou amostras a fim de identificar a espécie do inseto e a partir dessa identificação conhecer as características do ciclo de vida, alimentar e comportamental do inseto a fim de se estudar as formas de controle cabíveis”, afirma Ozael.
O trabalho da Adapi direcionado à defesa vegetal, será atrelado às ações de assistência técnica ao pequeno agricultor familiar que estão sendo desenvolvidas por especialistas da Sada. “Já estivemos em campo e comprovamos que esses insetos são atraídos pela luz. Então, o próximo passo é elaborar um projeto que possa justificar a aquisição de armadilhas luminosas que serão entregues ao pequeno agricultor. Posteriormente, iremos realizar as oficinas de capacitações para o agricultor voltadas para o manejo da armadilha para captura dos insetos”, explica Gilberto Santiago, extensionista da Sada, que atua na assessoria de campo da cajucultura e agrotóxicos.
Ainda de acordo com Gilberto Santiago, essa não é uma praga primária do cajueiro, mas tem aparecido de forma esporádica na cultura do caju, especificamente na região de Pio IX. Além do Piauí, também foram registradas infestações parecidas nos estados do Rio Grande do Norte e no Ceará.
“A questão não chega a ser tão preocupante porque aqui no estado, porque nós já estamos finalizamos a safra do caju. Entretanto temos que sanar esse problema, porque temos outras culturas que podem ser atingidas. Atuaremos no combate, prevenção e na execução desse plano de ação, que será executado ao longo de três meses”’, finaliza o técnico.
Sada alerta para ações externas
A Sada, por meio da Adapi informa aos agricultores e público em geral que, devido à grande repercussão do tema, vários vídeos e matérias tem sido divulgados com indicação de agrotóxicos para controle de insetos na região de Picos. No entanto, essa recomendação é proibida, uma vez que ainda não se tem conhecimento exato da praga.
A Secretaria ainda informa que qualquer recomendação deve ser realizada através de receituário agronômico emitido por Engenheiro Agrônomo habilitado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), somente de produtos registrados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), autorizados no Estado do Piauí, bem como registrados para a praga e cultura em questão.
Tal recomendação é temerosa também pelo fato da região ser grande produtora de mel, reconhecido internacionalmente como orgânico, e que aplicações sem orientação técnica podem ocasionar mortandade de abelhas, colmeias, bem como contaminar o mel, o que pode acarretar em prejuízos para o setor, com embargos à exportação.
A Adapi, juntamente com a Sada e Embrapa, vem estudando o caso para dar uma resposta rápida e precisa ao setor produtivo, já enviando uma amostra dos insetos coletados para um taxonomista da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) realizar a identificação e, a partir daí, controlar e monitorar a praga com base em um plano de ação que não comprometa a safra do ano que vem.