Um cantor/compositor como Roberto Carlos há muito conquistou seu lugar ao sol na música brasileira. Pode-se discordar aqui e ali de algumas atitudes suas nessa ou naquela circunstância específica, e isso faz parte do show. Roberto é acusado de não falar de seu acidente quando criança. Isso não é totalmente verdadeiro.
Pergunto-me sobre se nós também gostamos de falar de coisas muito ruins que nos aconteceram e a resposta é não, não gostamos. Então por que ele gostaria?
O que é mais marcante na vida de Roberto é sua persistência e determinação em construir uma carreira artística longeva e produtiva. Nisso sua história se parece muito com a de outro ídolo do cancioneiro nacional, Luiz Gonzaga.
Não é novidade para ninguém o fatídico acidente de que Roberto Carlos foi vítima aos seis anos de idade em Cachoeiro do Itapemirim (ES). Esse nefasto evento, contudo, foi retratado na canção “O Divã” que saiu no disco de 1972 e que deixa os críticos severos do Rei sem argumentação. Eis um trecho da canção:
“Relembro bem a festa, o apito/ E na multidão um grito/ O sangue no linho branco/ A paz de quem carregava/ Em seus braços quem chorava/ E no céu ainda olhava/ E encontrava a esperança/ De um dia tão distante/ Pelo menos por instantes/ Encontrar a paz sonhada”.
Nada mais tenho a dizer.
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É autor, dentre outros, do livro “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve às quintas-feiras para essa coluna.