A Justiça de São Paulo bloqueou as contas bancárias de Giselle Bezerra, mulher de Ciro Gomes.
A decisão foi tomada em um processo no qual o ex-governador do Ceará foi condenado a pagar uma indenização por danos morais a José Serra.
A dívida hoje, considerando multas, juros e correção monetária, é calculada em cerca de R$ 447 mil, mas a Justiça conseguiu bloquear apenas R$ 14,7 mil nas contas da mulher de Ciro. Outras medidas ainda poderão ser adotadas.
O processo foi movido na época em que ambos eram pré-candidatos a presidente da República nas eleições de 2002.
Em entrevista à Folha, Ciro disse que Serra, então ministro da Saúde do governo Fernando Henrique, era o “candidato das negociatas, da manipulação do dinheiro público para fins eleitorais”.
Serra disse à Justiça que as declarações eram ofensivas, que atingiram sua honra e que Ciro não se cansava de propagar mentiras.
O ex-governador do Ceará se defendeu dizendo que as críticas eram de cunho político e que consistiam em fatos públicos e notórios. “O Brasil vive um clima eleitoral em face das eleições presidenciais que se avizinham. Eventual excesso verbal nessa conjuntura política não caracteriza conduta ilícita”, afirmou à Justiça à época.
O processo transitou em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.
Serra tenta obter o pagamento da indenização há 16 anos
O bloqueio das contas de Giselle Bezerra foi solicitado pelos advogados do ex-ministro da Saúde com o argumento de que Ciro oculta seu patrimônio para não pagar a dívida. Serra disse à Justiça que o ex-governador do Ceará havia vendido um imóvel e que o dinheiro obtido com o negócio havia sido depositado na conta da esposa.
Ciro disse à Justiça que não escondeu seu patrimônio e que acusação é leviana. Afirmou também que Giselle não é parte do processo e que o bloqueio de suas contas seria uma medida arbitrária. “Nós nem convivíamos à época dos fatos”, declarou no processo. Ele disse ainda que a sua relação é em regime de separação de bens e que o casal não tem bens em comum.
A juíza Elaine Faria Evaristo disse na decisão que o bloqueio atinge o seu patrimônio, e não o de Giselle, ressaltando que parte do valor recebido pela venda do imóvel foi depositado na conta da mulher do ex-governador.
Ciro e Giselle ainda podem recorrer da ordem de bloqueio.