Como vai a Educação no Brasil? Essa é uma pergunta recorrente ao menos nas últimas cinco décadas. Nas últimas três, com certeza. Ok, nos últimos três anos, com toda a certeza desse e de outros mundos. De qualquer modo nossa posição no ranking mundial da educação não é das melhores. Ocupamos o 53º lugar num total de 63 países pesquisados pelo PISA (Programme for International Student Assessment ou, em português ‘Programa Internacional de Avaliação de Alunos’).
Mesmo com programas sociais que colocaram nas duas últimas décadas 98% das crianças brasileiras na escola, cerca de 731 mil crianças com idade entre 6 a 9 anos estão ainda fora da escola (IBGE). Afora isso, professores ganham abaixo do piso, há escolas mal equipadas e professores são mal treinados (PISA/IBGE). As consequências disso são basálticas, pois segundo a conceituada pesquisadora e professora Eliane Bruini, “O que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina”.
Um dos gargalos da educação é o famoso cabo de guerra APROVAÇÃO X REPROVAÇÃO. E por quê? Porque ‘aprovação X reprovação’ escolar está no horizonte de todos aqueles diretamente envolvidos com o processo educativo: estudantes, professores, coordenadores, diretores, pais, secretários de educação, administrações públicas.
São os números advindos desse cabo de guerra que alimentarão os sistemas, por exemplo, do MEC (Ministério da Educação e Cultura), da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em tese, nortearão as políticas públicas de educação do País. Vale dizer: custo aluno (*), verba para a infraestrutura escolar, ampliação da rede de educação, incremento da merenda escolar, compra de livros didáticos, etc., etc..
No caso brasileiro, a pandemia por Covid19 solapou o processo de alfabetização que bem ou mal vinha acontecendo. Ainda não há dados numéricos substanciais do estrago. Mas o certo é que crianças estão chegando ao 7º ano do Ensino Fundamental Maior sem saber decodificar letras em uma palavra ou fazer operações matemática do tipo 3 + 4. E isso é preocupante !!! Em um mundo tecnológico como o nosso, saber ler, compreender cálculos, analisar situações complexas, tornaram-se de importância vital.
Claro que corajosas e louváveis iniciativas de enfrentamento a esse verdadeiro terremoto sofrido pela educação brasileira têm sido tomados por professores, diretores, coordenadores, pais de alunos, com a criação do contraturno escolar, por exemplo. Secretarias de Educação têm dedicado uma parte das aulas aos alunos com dificuldade de alfabetizarem-se, etc.. Mas os resultados desses esforços só serão sentidos efetivamente, talvez, a partir de julho de 2024.
A pergunta que não quer calar, contudo, é: mas afinal a mera reprovação do aluno, faz dele, necessariamente, um aluno melhor? Não seria melhor oferecer ao aluno oportunidades variadas e efetivas para que ele tenha pelo menos a chance de se reabilitar, ao mesmo tempo que fosse sendo conscientizado da necessidade de esforçar-se, experimentar suas potencialidade? Como se vê, o assunto é complexo e voltaremos a ele outras vezes.
(*) O Custo aluno anual definido para 2023 no Brasil é de R$ 5.208,46. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) é o terceiro pior do mundo de um total de 42 países pesquisados.
ERNÂNI GETIRANA, é professor, poeta e escritor. Formado pela UFPI, na qual tem também mestrado. Cursou UFRJ, USP, UNb. É autor, dentre outros livros, de “Lendas da Cidade de Pedro II” e “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Faz parte da UBE-PI, IHGPI, APLA, ALVAL. Escreve sempre às quintas-feiras para esta coluna.