O Ministério da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad, comemorou a alta de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo semestre deste ano e afirmou em comunicado que o índice “surpreendeu as expectativas”. Dados revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram também que a economia brasileira perdeu ritmo e avançou 0,9% no segundo trimestre, metade do salto de 1,8% apurado nos primeiros três meses deste ano.
“O crescimento do PIB surpreendeu as expectativas. A desaceleração do PIB na margem, de 1,8% no primeiro trimestre para 0,9% no segundo trimestre, é explicada principalmente pela dinâmica observada para atividades menos sensíveis ao ciclo monetário, com destaque para a retração no setor agropecuário e para a desaceleração da indústria extrativa e administração pública”, diz o comunicado do Ministério da Fazenda.
Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre de 2023 totalizou R$ 2,651 trilhões, segundo o IBGE. No segundo trimestre de 2023, a taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, ficando abaixo da observada no mesmo período de 2022 (18,3%). A taxa de poupança passou de 18,4% no segundo trimestre de 2022 para 16,9% em 2023.
A avaliação do Ministério da Fazenda vai na mesma linha defendida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que disse que o resultado apontado pelo IBGE “foi uma boa surpresa”. A afirmação foi feita pelo economista durante conversa com empresários antes da abertura de um evento privado, que ocorre em Washington (EUA).
Durante agenda em Fortaleza (CE), Lula não comentou especificamente a alta do PIB, mas mencionou o tema. “A gente não pode assistir na televisão que o PIB cresceu, mas não foi distribuído, porque nunca foi nesse país. O PIB começou a crescer e ser distribuído quando nós resolvemos aumentar o salário mínimo em 77% quando governamos o país da outra vez”, disse o presidente.
Na ocasião, ele afirmou que a taxa de juros, atualmente em 13,25% ao ano, ainda está alta e voltou a criticar o presidente do Banco Central. “O presidente do Banco Central não foi indicado por nós, foi indicado pelo governo anterior. E o Banco Central é autônomo, não tem mais interferência da Presidência da República, que podia chamar o presidente e conversar. Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou, e quem o indicou não fez coisas boas nesse país.”
Para o terceiro trimestre deste ano, a perspectiva da Fazenda é de redução do ritmo de crescimento na margem, seguida de leve recuperação no último trimestre do ano. “As tendências de desaceleração da atividade em serviços e de retração da indústria de transformação, já observadas desde meados de 2022 na comparação interanual, devem seguir até o fim do ano. Essa dinâmica reflete, pelo lado da demanda, a retração dos investimentos”, argumenta a pasta.
“A expectativa de menor ritmo de crescimento é explicada, principalmente, pelos impactos defasados da política monetária na atividade, pelas condições financeiras que ainda seguem restritivas, a despeito do início do ciclo de cortes nos juros, e pelo menor ritmo de crescimento mundial. A desaceleração na criação de novos postos de trabalho é outro fator que tende a reduzir o ritmo de crescimento até o fim do ano”, acrescenta a Fazenda.