Em vias de uma reforma ministerial, o presidente Lula (PT) exaltou o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social) em evento no Piauí na tarde de hoje. A pasta, responsável pelo Bolsa Família, é cobiçada pelo PP.
Lula tem resistido a entregar o ministério, considerado a “alma” do seu governo, mesmo com críticas ao ex-governador piauiense. Elogiá-lo em casa, um dia depois de confirmar sua permanência a um jornal local, é visto como recado claro ao centrão. No dia 17, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, já havia negado a saída de Wellington.
“Eu sempre achei o Wellington o índio mais esperto que eu conheci na vida. Eu achava que era quase humanamente impossível aparecer um governador mais esperto que o Wellington. […] Quero dar os parabéns para vocês, por terem conseguido encontrar entre esses milhões de piauienses alguém mais esperto que o Wellington para suceder o Wellington.” – Lula, em evento no Piauí
Há a expectativa que Lula finalmente inclua PP e Republicanos no governo, como anunciado desde julho, mas a reforma tem se arrastado. Os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) foram indicados pelas respectivas bancadas — só falta decidir em que ministérios o presidente irá encaixá-los.
Bolsa Família fica com PT
O desmembramento do MDS estava sendo cotado pelo centrão para que o PP assumisse a pasta. Lula não quer, no entanto, que o Bolsa Família, principal projeto social do governo e queridinho do presidente, fosse para outro partido, à medida que o PP insiste em assumir a pasta.
Trata-se de um arranjo do governo Lula em busca de mais apoio na Congresso, em especial na Câmara. As mudanças estão sendo articuladas diretamente com as bancadas dos dois partidos e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com quem o presidente tem se reunido.
A presidência da Caixa Econômica Federal, conforme previsto, também vai para o PP, com a ex-deputada Margarete Coelho, indicada por Lira. O único pedido de Lula é que a gestão seguisse com uma mulher, na substituição de Rita Serrano, também presente — e saudada — no evento hoje.
As negociações já duram mais de um mês e estão irritando o centrão. Nas últimas duas semanas, a pressão ganhou força, impondo obstáculos na votação do arcabouço fiscal, entre outras negociações na Câmara.