Precisamente hoje, 23 de agosto de 2023, às 9:30 horas da manhã, horário de Brasília, a sonda indiana não-tripulada Chandrayaan-3 pousou no polo Sul da Lua. ‘Chandrayaan’ é a palavra em híndi e sânscrito para ‘veículo lunar’. Com esse feito, a Índia, país asiático com 1.5 bilhão de habitantes, capital Nova Délhi, torna-se o quarto país do mundo a enviar com êxito um artefato ao nosso satélite natural. Os demais são: Estados Unidos, União Soviética e China.

O mais incrível é que, até onde pude perceber, ninguém, nenhum professor (mesmo de física) se deu ao trabalho de gastar cinco minutinhos de seu precioso tempo para postar ou mesmo comentar sobre esse feito gigante para a ciência como um todo em suas redes sociais. Também não tive notícias de que algum o fez em sala de aula.

Mas nem tudo está perdido. Quando comentei o fato em minha sala de aula, oitavo ano, hoje, um garoto se espantou e me disse: “Mas logo a Índia, professor?”. E, surpreso, fiz questão de conversar com ele enquanto a turma assistia à nossa conversa. Em minutos a turma toda estava interessada no assunto.

Em 2010 estive em Alcântara, Maranhão, onde está uma de nossas bases de lançamento de foguetes espaciais. Atualmente está desativada depois do acidente que vitimou 21cientistas e técnicos, em 2003. Infelizmente coisas desse tipo acontecem. Aconteceram com os países que hoje têm naves pousadas na lua.

O nosso grande problema, porém, é que ainda não conectamos dois mais dois com a curiosidade da garota por tudo, inclusive por ‘coisas do espaço’. Viva a Índia que já consegui isso. Na verdade, conseguiu muito mais, pois nas palavras de seu primeiro ministro, Nurendra Modi, “Chegamos à Lua e vamos mais e além’, lembrando Carl Sagan.

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, pesquisador e poeta. Pertence à APLA, ALVAL e IHGPI. Tem alguns livros publicados. Dentre eles, “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve para esta coluna às quintas-feiras.