Nesse 11 de Agosto de 2023 o município piauiense de Pedro II, 195 km de Teresina (4º 25’ 30” S e 41º 27’ 32” O), completará 169 anos. São quase 17 décadas, portanto, de sua emancipação política. Muito já se fez. Há muito por se fazer. Inúmeros eventos sociais, esportivos, culturais, assim como um rol de inaugurações de obras públicas vêm sendo realizados ao longo da semana em curso. Nas escolas palestras sobre a História do lugar estão sendo proferidas, acompanhadas de concursos de desenho, redação e poesia com temáticas telúricas.
O município está localizado no território dos cocais, na microrregião de Campo Maior. Sua área compreende cerca de 1.518,6 km², com altitude média de 600 m. Possui clima tropical megatérmico e subúmido, com média 1.000 mm de chuva/ano. A população é de 38.812 habitantes, densidade populacional de 24,54 habitantes por quilômetro quadrado (IBGE, 2022).
Em 11 de Agosto de 1854 segundo a Lei Nº. 367 o povoado dos Matões foi elevado à categoria de Vila, com a denominação de Pedro II, em homenagem ao Imperador do Brasil. Com a proclamação da República, a Vila voltou a ter o nome de Matões mas, pela Lei Nº. 641 de 13 de julho de 1911, já na categoria de cidade, foi restabelecida a denominação de Pedro II. A prefeita atual é a senhora Elisabete Rodrigues de Oliveira Brandão.
O município que recentemente sediou a 17ª edição de seu mais propalado evento, o Festival de Inverno de Pedro II, surgiu a partir muito provavelmente da fazenda Boqueirão (no Piauí havia pelos menos 3 outras fazendas com essa denominação), nas terras pertencentes à diocese da Parnaíba. Ao longo do tempo chamou-se Bouqueirão, Matões, Pequizeiro e, finalmente, Pedro II. Por sua vez, se sua ‘formação geopolítica oficial’ tem como protagonistas os Irmãos Pereira (descendentes de portugueses), a essa altura dos fatos não faz mais nenhum sentido continuar eclipsando-se os outros dois componentes históricos humanos: os povos indígenas e os afrodescendentes (povos originários, portanto).
Pesquisas paleontológicas realizadas pela UFPI – Universidade Federal do Piauí – dão conta de que seres humanos já habitavam a região do que denominamos Grande Pedro II (que compreende a área geográfica atual do município de Pedro II e as demais áreas que dele foram desmembradas: Lagoa de São Francisco, Domingos Mourão e Milton Brandão) há, pelo menos, 12 mil anos. É o que parecem indicar as inscrições rupestres da comunidade interiorana Lapa.
Essa vertente de estudo que tem por objetivo aprofundar as discussões sobre as ‘possíveis Histórias’ do município e preencher lacunas históricas, é, cientificamente, defensável se compreendermos o papel preponderante da Serra da Ibiapada e de sua respectiva APA (área de preservação ambiental) da qual a Terra da Opala faz parte com mais 8 municípios totalizando uma área de cerca de 1,6 milhão de hectares. No espaço desta coluna é impossível tratarmos disso em detalhes.
O certo é que outros estudiosos (dentre os quais me incluo) da questão pedro-segundense, como o professor Afonso Getirana, o pesquisador João Barros, o pesquisador Saulo Melo, o poeta Chaguinha Gomes, a professora Ivanilda Amaral, a professora Maria de Lourdes Viana, as professoras Antonio Rosa Castro e Maria Luisa Leite (essa última de saudosa memória), além de pioneiros como o professor Genuíno Sales, o professor Wilson de Andrade Brandão, o professor Vianinha, o desembargador Tomas Campelo e o Dr. Eduardo Pereira (os quatro já falecidos) dentre muitos outros e outras que se voltam para a questão, todos/todas vimos chamando a atenção para a necessidade da realização de seminários, pesquisas arqueológicas, rodas de conversar e publicação de papers (salientamos que há pelos menos duas dezenas de teses, dissertações sobre aspectos variados do município) sobre esse torrão de todos nós, o município de Pedro II, cujo povo parabenizamos na oportunidade.
PS. Fotos de Neto Santos, Isabel Cruz e Zeneide Campelo, todos Pedro-segundense da gema.
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É membro da UBE-PI, APLA, ALVAL e do IHGPI. É o autor de “Lendas da Cidade de Pedro II”, dentre outros livros. Escreve às quintas-feiras para esta coluna.