O ex-presidente dos EUA, Donald Trump voltou a Washington nesta quinta-feira (3). Ele se apresentou à Justiça para ser acusado formalmente por atentar contra pilares da democracia.
Na audiência, que durou cerca de meia hora, ele se declarou não culpado pelos quatro crimes de que é acusado, uma lista que inclui de conspiração para defraudar os Estados Unidos à obstrução de procedimento formal, segundo documento divulgado pelo conselheiro especial do Departamento de Justiça Jack Smith na terça-feira.
O ex-presidente foi liberado sob algumas condições, como não se comunicar com nenhuma das testemunhas do caso, a não ser via advogados, e não violar nenhuma lei. Smith, a quem Trump acusa de perseguição política, também estava presente na sala.
A pena máxima prevista para os crimes de que o republicano é suspeito varia de 5 a 20 anos, a depender da acusação. O tempo total de prisão, porém, vai depender da sentença e por quais acusações ele for condenado, caso seja considerado culpado.
Depois da audiência, ao embarcar de volta para Nova Jersey, o ex-presidente afirmou a jornalistas que aquele era “um dia muito triste para o seu país. “Esta é uma perseguição política. Isso não deveria poder acontecer nos EUA.”
Ele também aproveitou para alfinetar o presidente Joe Biden, reclamando do estado das ruas da capital americana.
“Também foi muito triste passar de carro por Washington e ver sujeira e a decadência, todos os edifícios quebrados, paredes com grafitti. Esse não é o lugar que eu deixei”, afirmou.
As acusações feitas esta semana se somam àquelas de outros dois processos criminais: um na Justiça de Nova York, envolvendo a compra do silêncio de uma atriz pornô na campanha de 2016, e outro, na Justiça Federal, relacionada à posse ilegal de documentos secretos da Casa Branca após Trump ter deixado a Presidência.
Assim, trata-se da terceira vez que o republicano comparece perante um juiz neste ano. A audiência desta quinta, chamada em inglês de “arraignment”, equivale à audiência de instrução no Brasil, etapa inicial de um processo criminal em que o réu ouve as acusações e é questionado se declara-se culpado ou não.
Nas duas audiências anteriores, Trump afirmou não ser culpado. Ele também teve apenas as digitais coletadas –as autoridades não tiraram a clássica fotografia de detidos nos EUA, conhecida como “mugshot”.
A audiência ocorreu no tribunal E. Barrett Prettyman, nas proximidades do Capitólio, palco da invasão orquestrada por apoiadores do ex-presidente em 6 de janeiro de 2021 na tentativa de impedir a confirmação da vitória de Biden à Presidência no ano anterior. Então, cinco pessoas morreram.
O episódio, junto às tentativas de Trump de reverter sua derrota na eleição, é o pano de fundo do processo na Justiça Federal ao qual ele responde agora.
Em preparação para a audiência, um grande esquema de segurança foi montado na capital americana. No entanto, apenas algumas dezenas de manifestantes apareceram, que se dividiam entre apoiadores e opositores do ex-presidente.
Enquanto esperavam Trump chegar, eles disputavam a atenção de jornalistas. Caixas de som, megafones, bandeiras e fantasias foram alguns dos métodos empregados.
*AE
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