No artigo “Mulheres do sertão nordestino”, Miridan Knox Falci, traça o perfil da mulher sertaneja: “Mulheres ricas, mulheres pobres; cultas ou analfabetas; mulheres livres ou escravas do sertão. Não importa a categoria social: o feminino ultrapassa a barreira das classes. Ao nascerem, são chamadas ‘mininu fêma’. A elas certos comportamentos, posturas, atitudes e até pensamentos foram impostos, mas também viveram o seu tempo e o carregaram dentro delas.”
Pois, no nosso modo de pensar, é a partir dessa capacidade de transbordamento de classe que a poesia de cordel feita por mulheres finalmente chega num patamar de excelência capaz de ocupar o tempo de pesquisadores acadêmicos, encantar os saraus e mesmo encorajar mulheres em sua luta por direitos sociais.
Na verdade, 1 de agosto é o Dia Nacional do Cordel, mas diversas academias resolveram destacar as mulheres que fazem parte de seus respectivos quadros, em homenagem à primeira mulher cordelista, Maria das Neves, nascida em 1913 em Alagoas e que ao lançar seu cordel em 1938, assinou com o nome do pai, Altino Alagoano.
Nesse pequeno artigo, gostaria de homenagear quatro mulheres cordelistas que estão em franca produção (tanto no formato físico, como em suas redes sociais): Marina Campelo, Ilza Bezerra, Josefina Ferreira e Dalinha Catunda e, claro, em nomes delas, saudar todas as demais que fazem do cordel um dos motivos de suas vidas.
Do cordel ele mesmo não preciso dizer quase nada, como disse Gil na canção “A gente precisa ver o luar”. Pois do cordel apenas digo que “A gente precisa ler cordel”.
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta, escritor, formado em Letras pela UFPI, com mestrado em Políticas Públicas pela mesma universidade. Pertence à UBE, APLA e ALVAL . É autor de diversos livros, dente eles “Debaixo da Figueira de Meu Avô”. Escreve às quintas-feiras para essa coluna.
