O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu a Polônia de que trataria qualquer “agressão” à aliada Bielorrússia como um ataque ao seu próprio país. A declaração surge após Varsóvia anunciar o envio de tropas para reforçar sua fronteira oriental em resposta à presença de forças mercenárias do grupo Wagner, que realizam treinamentos na região.
— Qualquer agressão contra a Bielorrússia significará uma agressão contra a Federação Russa — disse Putin durante uma reunião do Conselho de Segurança russo televisionada nesta sexta-feira (21). — Responderemos a isso com todos os meios à nossa disposição — disse ele, referindo-se à aliança estabelecida há muito tempo entre as ex-nações soviéticas.
As ameaças, que podem exacerbar as tensões entre a Rússia e a Europa, não são as primeiras que o Kremlin faz contra a Polônia — um dos maiores apoiadores de Kiev desde a invasão do país. A Polônia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e não demonstrou nenhuma intenção de realizar uma ação militar unilateral e não provocada, o que poderia levar ao envolvimento das potências ocidentais no conflito.
Varsóvia anunciou que planeja aumentar sua presença militar perto da fronteira com a Bielorrússia, e de construir novas defesas no local. Autoridades polonesas alertaram anteriormente sobre o início de uma “nova fase de guerra híbrida” após o anúncio de acordo para permitir a entrada de combatentes mercenários do grupo Wagner na Bielorrússia. E também criticaram o auxílio do vizinho a migrantes que cruzam a fronteira como parte do plano da Rússia de atacar a Europa.
O chefe do serviço de inteligência estrangeira da Rússia, Sergei Naryshkin, afirmou na reunião que Moscou obteve informações de que a Polônia está planejando assumir o controle das regiões ocidentais ucranianas como resultado de um “pacto de defesa mútua com a Ucrânia e a Lituânia”, mas sem fornecer qualquer evidência para as alegações. A Rússia tem feito repetidamente declarações semelhantes, sem fundamento, de que a Polônia busca tomar parte da Ucrânia.
O governo bielorrusso informou na quinta-feira que suas tropas treinarão com os mercenários do Wagner perto da fronteira polonesa. Os combatentes do grupo migraram para a Bielorrússia após acordo que pôs fim ao motim fracassado do seu então líder, Yevgeny Prigojin.
O líder bielorrusso Alexander Lukashenko visitará a Rússia e se reunirá com Putin no domingo, informou o Kremlin nesta sexta-feira.
Fonte: globo.com