O presidente Lula (PT) convidou hoje o deputado Celso Sabino (União-PA) para assumir o Ministério do Turismo. A nomeação deverá ser publicada no DOU (Diário Oficial da União) de amanhã (14).
O que aconteceu
Sabino assumirá no lugar da também deputada Daniela Carneiro (União-RJ), a pedido do próprio União Brasil — que vinha pressionado pela troca de indicação havia mais de dois meses . Isso por que a parlamentar quer deixar a legenda — a escolha do partido foi Sabino, um antigo crítico de Lula.
A troca se dá em meio a um esforço do governo conseguir mais apoio no Congresso, em especial na Câmara dos Deputados. O nome de Sabino foi chancelado pelo centrão, com apoio do presidente Arthur Lira (PP-AL) e do deputado Elmar Nascimento (União-BA), líder do partido na Casa.
Essa é a segunda troca de ministro no terceiro mandato de Lula. Em abril, o general Gonçalves Dias deixou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) em meio a suspeitas envolvendo os atentados golpistas de 8 de janeiro.
O convite foi oficializado pelo presidente ao deputado nesta tarde no Palácio do Planalto, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação Social). O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) também participou da reunião. O UOL procurou Sabino, mas ele ainda não se manifestou.
Quem é Sabino
Sabino tem 44 anos conquistou o seu primeiro cargo público em 2011. Na época, ele foi deputado estadual suplente em Belém filiado ao antigo PR. No ano seguinte, atuou como secretário estadual na Seter (Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda).
Em 2013, se filiou ao PSDB e foi eleito deputado estadual pelo partido e federal em 2018. Ele foi apoiador do governo Jair Bolsonaro (PR) e chegou a comemorar a prisão de Lula.
No último mandato, Sabino triplicou patrimônio. Em 2018, quando se elegeu deputado federal, ele informou à Justiça Eleitoral ter patrimônio avaliado em R$ 1,5 milhão. No ano passado, na reeleição, declarou bens que somam R$ 4,4 milhões — entre eles uma aeronave de R$ 300 mil e um apartamento avaliado em R$ 1,1 milhão.
Troca demorada
Sob pressão do União, a expectativa era que Lula demitisse Daniela ainda em maio. Conforme o UOL mostrou, o presidente buscava uma “saída honrosa”, além de acenar para o marido dela, Waguinho (Republicanos), com investimentos públicos para Belford Roxo (RJ), cidade onde ele é prefeito.
A situação da agora ex-ministra no governo ficou delicada desde que ela anunciou que queria deixar o União Brasil para se filiar ao Republicanos. O partido, que indicou ainda os nomes dos ministros das Comunicações e do Desenvolvimento Regional, passou a reivindicar a pasta.
Isso deixou o governo em uma sinuca de bico. De um lado, precisa dos votos do União Brasil na já delicada relação com o Congresso, onde não tem maioria; de outro, Daniela e Waguinho foram essenciais para uma melhora do PT no Rio, reduto bolsonarista.
O marido de Daniela foi diversas vezes a Brasília para conversar com Lula. Ele negociava algum tipo de compensação pela perda da vaga e criticou abertamente a articulação de Padilha para a mudança na pasta. Deputada mais votada do Rio em 2018, a expectativa é que ela assuma o mandato na Câmara.
