Sei que não sou a pessoa mais indicada para a difícilima tarefa, mas, atrevido como sou, tirei o dia hoje para, em poucas e mal traçadas linhas, fazer o reconhecimento público da sensibilidade e do talento de dois intelectuais com os quais tenho o privilégio e a honra de interagir aqui neste espaço.
Do primeiro, jornalista como eu, sou amigo há muito tempo, mas por razões diversas perdemos o contato e nos reaproximamos quando fui eleito presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Piauí, em 2012, oportunidade em que contei com sua valiosa ajuda para fazer circular com certa regularidade o jornal Retranca, órgão de comunicação da entidade.
Trata-se do jornalista Paulo Chaves, que cresceu os dentes dentro da redação do histórico Jornal do Piauí, que pertenceu a seu pai, o também jornalista José Vieira Chaves, o Zeca Belarmino, como era chamado pelos amigos.
Além de colaborar na produção do jornal Retranca, coube a Paulo Chaves a tarefa de atualizar e ampliar o livro História da Imprensa no Piauí, de autoria do mestre Celso Pinheiro Filho, cujos direitos autorais pertencem ao Sindjor-PI.
Com dezenas de livros públicados, da pesquisa histórica à poesia e a crônica, PC é um intelectual completo, mas desprovido da vaidade própria daqueles que se dedicam à cultura e ao jornalismo. Cultiva hábitos simples e pelo que sei não tem aspirações acadêmicas, mas não lhe faltam atributos para figurar em qualquer academia.
Poeta e cronista, Paulo Chaves tem um texto elegante e expressivo. Seus poemas encantam pela musicalidade e beleza. O mesmo se pode dizer de suas deliciosas crônicas que parecem inspiradas por A. Tito Filho, que também faz parte da história do Jornal do Piauí. Nosso amigo deve ter lido muito, em primeira mão, os textos do mestre publicados no jornal de seu pai, daí a influência que lhe fez um grande cronista.
Capitão Wilson Benedito é o outro amigo de quem me ocuparei nesse despretencioso texto. Não o conheço pessoalmente, apenas aqui do face, onde ele já tem, com certeza, uma legião de admiradores.
Suas crônicas primorosas, via de regra descrevendo a vida no campo e em pequenas cidades do interior, sua gente , seus costumes, a figura do vaqueiro, dos caçadores, inclusive de conversas nos botequins da vida, estórias de assombrações, os forrós no chão de terra batida, o luar do sertão, as rezadeiras, os contadores de histórias, os valentões o canto dos pássaros, as farinhadas, histórias dos ancestrais, uma memória fabulosa que ele repassa aos amigos, numa linguagem literária, rica, atraente, às vezes comoventes, noutras engraçadas e muito interessante.
Já li muitos autores regionalistas consagrados, mas nenhum com uma linguagem espontânea, expressiva e rica como a do Capitão Wilson Benedito. No dia em que ele reunir as suas crônicas e publicá-las em forma de livro, sem dúvida, será um sucesso. Estarei na fila para comprar o meu exemplar e enriquecer a minha estante.
Por José Olímpio Leite de Castro