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Festival de Inverno de Pedro II (parte final)

Ocorrida entre os dias 8 a 11 de junho passado, a 17ª edição do FIPII (Festival de Inverno de Pedro II) nos trouxe algumas certezas, muitas alegrias, esperança nas pessoas e, claro, alguns aspectos que devem ser melhorados e novos desafios.

 

ALGUMAS CERTEZAS
O Festival de Inverno de Pedro II, criado em 2004, é um evento consolidado. Em sua 17ª edição o FIPII sobrepujou os próprios ares sombrios trazidos pela pandemia por COVID 19, a descrença dos alarmistas de plantão, e nos traz uma luz sobre a importância da organização e da esperança nas pessoas.
O festival citado é, em verdade, um evento do município de Pedro II e está acima dos ditames deste ou daquele governo municipal e/ou estadual. Aliás, é isso que temos ouvido dos ocupantes destes cargos quando se pronunciam durante a abertura de cada edição do FIPII. “O Festival de Inverno de Pedro II é do povo de Pedro II, do povo do Piauí”.

MUITAS ALEGRIAS
Não me espantarei se na ‘pesquisa de satisfação’ do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) a palavra ‘alegria’ for uma das cinco mais citadas por turistas nessa edição do festival. Um dos fatores dessa alegria está no fato de que o tempo útil dos turistas pôde ser distribuído ao longo do dia por todos os dias durante esta 17ª edição. ‘Opções não faltaram’, na avaliação do deputado Wilson Brandão, da prefeita Betinha Brandão e do governador em exercício, Themístocles Sampaio Filho.

Foram quatro palcos para eventos musicais, além do tablado do Mercado do Artesão onde a música entrou no cardápio dos pratos característicos locais ali servidos ao tempo e que os olhos devoravam as mais belas redes da região (a rede, aliás, foi tornada ‘patrimônio cultural’ do município de Pedro II’ recentemente.

Claro que a alegria também foi em função dos artistas que se apresentaram por cá: MPB com: Chico César, Flávio Venturine, Os Gilsons, Duda Beat, Anavitória, Frejat, Vanessa Da Mata. O jazz com: Anderson Nóbrega, Welington Torres Quarteto (PI), Ricardo Silveira (RJ), Di Steffano (RN), André de Sousa (PI), Inácio Botelho e Lívia Nascimento (PI), Rodrigo Eisinger (SP), Jazz no Fole (PI), Josué Costa (PI), Tânia Nery e Bacuri Jazz (PI), Fronteira Blues. Nomes da música (piauienses e locais): Teófilo, Serial Lover Band,Márcia Rejane e Banda, Raí Elvis, Sonayra, Street Company, Banda Retrô, Ramon Marques e Banda, Florais da Terra Quente, Cruviana, Calango Band, Elder Luís, Juca Pipper, Cana Caiana, Os Cordeiros, Gonzaguinha e Raimundo Carneiro, Trupe Apollo, Centro de Ballet Layla Thuany, Isaías do Fole, Balet Clássico Casa de Compadre, Forró o Jeito, Capoeira, Babi do Pizeiro, Centro Espírita Pedro de Alcântara, P2P Records, Mulheres que Dançam, Aristides Benício, Adelaide Vieira, Black Cover, Trio Bom Baião, Geraldinho dos Teclados, Zé da Crua, O Vaqueiro do Sertão, Gil do Acordeon, César Araujo, Ferra do Forró, Baré Brito, Leone Rodrigues, Marina Rod, Monise Borges, Jam Lounge Sesion, Guga Heyse, Último Romance, ufa!!!

Some-se a isso, circo Zoin (espaço criança), Feira da Agricultura Familiar, Exposição Fotográfica de fotógrafos locais, Ciclismo, Rapel, Ecoturismo, stand da APLA (Academia Pedrossegundense de Letras e Artes presidida pelo poeta e escritor Pedro Barros) bastante visitada, vista, fotografada e bem comentada.

ESPERANÇA DA DANÇA DO MUNDO
Com um clima ameno, amigável, centenas de familiares, amigos, conhecidos se cumprimentavam pelas praças, pelas ruas da cidade em completo ‘estado de poesia’, como diria Chico César. Estão aí pelas redes sociais as milhares de selfies para atestar o que dizemos. Nos espaços públicos podiam-se ver a criança de colo com o avô, a avó. Casais de enamorados, jovens sorridentes. Adolescentes efusivos. Enfim, gente alegre.
Todos os problemas do povo de Pedro II acabaram? Claro que não. Há coisas a serem feitas tanto pelas autoridades, como por formadores de opinião, profissionais liberais, por cada um de nós, por vocês leitores. Situações de vulnerabilidade sociais devem ser detectadas e equacionadas a todo instante. Políticas públicas emancipadoras que contemplem os socialmente desfavorecidos precisam chegar na ponta, no destino com rapidez. “A fome não pode esperar’, sábias palavras do saudoso Betinho. A esperança, contudo, precisa entrar, participar, se acomodar na vida de todos nós, ela mesma, a esperança, uma plantinha frágil.

UM CELEIRO CULTURAL
Dentre os vários ‘mantras’ acerca do município piauiense de Pedro II, este parece se cumprir ano após ano: ‘Pedro II é um celeiro cultural’. O Festival de Inverno de Pedro II seria a cereja nesse bolo cultural pedrossegundense? Creio que sim. Motivos não faltam. Mas nem só de cereja o bolo vive, melhor dizendo, a arte vive; melhor dizendo, o povo vive.
Os que criamos o ‘Festival de Inverno’, nos idos de 2004, já pensávamos nele não como cereja, mas como um ‘guarda-chuva’ sob o qual se abrigaria toda a produção cultural pedrossegundense, ou, pelo menos, boa parte dela. Em outras palavras, à consolidação da música, outras formas artísticas precisam e devem começar a fincar raízes sob a boa sombra do festival. Estou falando da dança, do teatro, das artes plásticas, da literatura. Que assim seja em 2024.

(PS. As fotos aqui reproduzidas foram prontamente disponibilizadas por seus autores e autoras, a quem agradecemos. A saber: foto do palco principal (divulgação FIPII), foto exposição de pintura (Isabel Cruz), foto balet (Layla Thuany), foto minha e de Rosa com a prefeita Betinha (equipe prefeitura), foto Banda Retrô (Neto Santos), foto do banco e do palco (Eudes Matins)).

Ernâni Getirana (@ernanigetirana) é professor, escritor, poeta. É autor de vários livros, dentre eles: ‘Debaixo da Figueira do Meu Avô’ e ‘Lendas da Cidade de Pedro II’. Escreve para esta coluna sempre às quintas-feiras.

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