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Ações de despejo, lojas fechando e prejuízos: qual a situação da Marisa?

A Marisa Lojas encerrou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo de R$ 149 milhões. Há mais problemas, como pedidos de falências feitos por fornecedores, fechamento de mais de 90 lojas e despejos por aluguéis atrasados. Entenda a crise da varejista.

O que aconteceu?

Em fevereiro de 2023, o então CEO da Marisa, Adalberto Pereira Santos, renunciou ao cargo. A saída de Santos expôs os problemas financeiros da empresa. A empresa recrutou João Pinheiro Nogueira Batista como novo CEO e contratou uma empresa para renegociar suas dívidas.

A Marisa Lojas divulgou resultados bastante negativos no 1º trimestre de 2023. O prejuízo foi de R$ 149 milhões no período, 64,2% maior do que os R$ 90,7 milhões registrados nos três primeiros meses do ano passado.

A dívida bruta das Lojas Marisa totalizou R$ 1,4 bilhão em março de 2023. Isso significa uma retração de R$ 285,1 milhões na comparação com dezembro de 2022.

Dois fornecedores pediram a falência da empresa na Justiça. Em um dos pedidos, os credores cobram o pagamento de R$ 710 mil da Marisa.

A varejista também é alvo de 10 ações de despejo. A ação mais recente, de 3 de maio, pede o pagamento de R$ 413.113,32. No total, o valor dos aluguéis atrasados chega a R$ 10,1 milhões.

Mais de 90 lojas fechadas

A empresa informou que está em reestruturando suas operações. A rede vai gastar R$ 62 milhões para encerrar as atividades de 91 unidades, afirmou o CEO da empresa, João Pinheiro Nogueira Batista.

Em comunicado, a Marisa disse que essas lojas são “deficitárias por definição”. A companhia já fechou 25 pontos de venda em abril e mais 33 encerrarão suas atividades em maio. Outras 33 devem ser fechadas até o fim de junho.

A empresa pretende ainda reduzir as despesas operacionais em R$ 52 milhões. Essa redução será dividida da seguinte forma: R$ 32 milhões virão de uma revisão de estrutura, R$ 10,5 milhões de revisão de atividades e R$ 9 milhões de cargos de gestão.

Valores ‘pequenos’

Para o CEO da Marisa Lojas, o fechamento de lojas e os pedidos de falência fazem parte do processo de reestruturação. Batista disse que os pedidos de falência são de valores “muito pequenos”.

A rede disse que continua conversando com os credores. Em comunicado, a empresa disse que “o processo de renegociação de dívidas já atingiu a expressiva marca de aproximadamente 90% dos fornecedores e 65% dos proprietários de imóveis”.

Recuperação é possível?

A empresa tem capacidade de arcar com os custos anunciados. A avaliação é de Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital. Apesar do prejuízo, a empresa teve receita líquida positiva em 2022 em comparação com 2021 e faturou R$ 440,5 milhões.

O maior desafio da Marisa hoje, segundo Richetti, é o comércio eletrônico. A empresa, diz o analista, sempre teve como diferenciais a reputação de suas lojas físicas e a marca. Com a pandemia de covid-19, a rede perdeu essas vantagens competitivas.

Além disso, a migração para o digital não foi adequada. Richetti avalia que a Marisa demorou muito para se posicionar no mercado online, o que contribuiu para prejudicar as vendas e a marca. “Os diferenciais da marca não foram suficientes para segurar os clientes durante a pandemia e as vendas não se recuperaram”, diz o analista.

Nome da empresa foi herdado de negócio anterior. Segundo o site da empresa, Bernardo Goldfarb adquiriu a Marisa Bolsas em 1948, após anos aprendendo a arte da confecção de acessórios com o próprio pai. Na ocasião, o nome do negócio já existente não foi alterado.

O que diz a Marisa?

Por meio de comunicado, a empresa disse que está em “rota de ajuste”. A Marisa disse que teve “números positivos na operação de varejo, notadamente na receita e margem bruta” e mostra “resiliência diante de cenário macroeconômico adverso”.

A empresa atribuiu parte da crise a questões como o “consumo retraído, importações ilegais sem a devida tributação, elevadas taxas de juros reais e restrições de capital de giro”.

As dificuldades listadas pela Marisa são comuns a todo o varejo. “As altas taxas de juros não afetam só a pessoa física, mas também as empresas, que ficam endividadas”, diz o analista da GT Capital.

“Além disso, a concorrência da China é muito grande para o setor e o segmento é muito competitivo por si só. Empresas que não se modernizaram rapidamente acabaram sofrendo mais.” Dierson Richetti, analista da GT Capital

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