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À memória do professor Epifânio Getirana

                             “Professor Ernâni, o município de Pedro II é o melhor lugar do mundo”                                  (poeta Vianinha, de saudosa memória)

 

Um intelectual, um pensador, ao passar pela vida, vive para muito além do seu seio familiar e círculo de amizades. O fato de ele haver se debruçado sobre o mundo humano, consumido horas preciosas de sua vida pesquisando, estudando, escrevendo, o torna inexoravelmente um homem ou uma mulher de seu tempo e para além dele também.

 

Nesse sentido, foi que a família de Epifânio Pinto Getirana, seu Bidoca, recebeu com grande satisfação e alegria o convite da senhora prefeita de Pedro II, Betinha Brandão, para comparecer à reinauguração do prédio onde funcionará doravante a Secretaria Municipal de Agricultura. O referido prédio agora denominado Prof. Epifânio Pinto Getirana, é uma prova viva do resgate da memória de um homem que vindo de Piripiri em finais dos anos 1920, em Pedro II constituiu família: foi comerciante, professor, um leitor arguto e um intelectual de marca maior. Participou e de inúmeras agremiações, de todos os fatos políticos (de 1930 a 1970) e sociais e sempre esteve ao lado do povo humilde com sua mulher Luiza Barros.

Aliás, meu mais recente livro, ‘Debaixo da Figueira do Meu Avô’, tem como fio condutor a saga desse meu avô materno. Dona Lilita Getirana, minha mãe, aos 92 anos de idade, se fez presente à cerimônia de reinauguração do prédio (Rua Agostinho Pinheiro, 345) que meu avô ajudou a construir e que foi inaugurado em 1937. Ali funcionou por décadas a ‘União Operária de Pedro II’, da qual foi presidente.

Na ocasião da reinauguração, 1º de maio próximo passado, Dia do Trabalhador, evento que contou com a presença de autoridades, amigos da família e populares, proferimos uma pequena palestra e minha mãe, acompanhada por filhos, netos e bisnetos, fez também uso da palavra deixando bem claro seu contentamento e assinalando que o mestre de obras do prédio foi o senhor conhecido por todos como Xerez, já falecido.

Na oportunidade fizeram também uso da palavra a secretária de agricultura (SEMG), Cleidiane Mesquita e a prefeita Betinha. Esta disse, dentre outras coisas que:

“As agricultoras e os agricultores hoje receberam esse presente, com a sede reformada e totalmente renovada, com acessibilidade, melhores estruturas e mais conforto para o atendimento para as nossas mulheres e nossos homens do campo. É a casa de todos nossos lavradores, criadores de gado e pessoas que trabalham na roça, como se diz. Essa casa é de vocês, é de todos nós, e agora está com condições mais dignas para recebê-los e dar atendimento às demandas de ações e projetos da nossa agricultura. Pedro II é daqui pra frente, minha gente!”

Às portas da 17ª edição do Festival de Inverno (8 a 11 de junho), evento que tivemos o privilégio de ajudar a gestar em 2004 (governo Carlos Braga), a cidade de Pedro II notabiliza-se também, como é sabido, pela incidência da gema de opala e pela tecelagem da rede de dormir. Este item de nossa cultura acaba de galgar, através da Lei Municipal nº 1419, de 03/04/2023 votada por todos os vereadores e sancionada pela prefeita Betinha Brandão, o patamar de ‘patrimônio material e cultural’ do município.

Um povo é o que é pelo que aprende com seu passado e, assim, projeta seu futuro. A contemporaneidade, as novas tecnologias, a presença cada vez maior da virtualidade de nada adiantam se não soubermos de onde viemos e quem somos. Isto é, quais são nossas identidades sociais e culturais. O resgate da memória do Sr. Epifânio (assim como de qualquer outro(a) pedrossegundense), a Lei que resgata em nível material e simbólico a rede, o Festival de Inverno, são ações e fatos preciosos e que estão para além do que nos pode separar. Antes, nos unem a todos no que costumo chamar de ‘pedrossegundidade’.

(*) fotos: Prefeitura Municipal de Pedro II

ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. Dirige o espaço cultural TOCAdasLENDAS. É autor de diversos livros, dentre eles “Debaixo da Figueira do Meu Avô” (Livraria Entrelivros, Av. Dom Severino, Teresina), e escreve para esta coluna sempre às quintas-feiras.

 

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