O pôr do sol na Praça Velha
Valia a pena por isto:
Visitado pelo olhar de toda a gente
Era posto no dito:
Era bom de se ver
Era lindo ser visto
Então as pessoas vinham trazendo
Os amigos
Os namorados
As namoradas
Os amigos dos namorados
As amigas das namoradas
Crianças, cachorros e até gatos
Aos poucos
Na mesma medida que o sol
Ia se pondo
As pessoas iam se achegando e compondo
Para junto do coreto da praça
Um belo madrigal
Para melhor ouvir e ver, afinal,
A bandinha de música
Do maestro Alessandro
E era dobrado e mais dobrado
E marchas militares
Aquela do ‘Dia de Glória’
A ‘Cisne Branco’
A ‘Rompendo o Amanhecer’
Tinha até a do ‘Silêncio’
O maestro com a batuta na mão
Fazia piruetas, assim sim, assim não,
qual espadachim de filme chinês
Mestre Gonçalo Charuto no bombo
Com sua surda batida bum!
Chegava a espantar os pombos
E os pombos gritavam: Ai que vida,
olha o tombo!
(continua…)
ERNÂNI GETIRANA (@ernanigetirana) é professor, poeta e escritor. É o autor, dentre outros, do livro “Debaixo da Figueira do Meu Avô” (à venda na livraria ENTRELIVROS da Dom Severino). Escreve para esta coluna às quintas-feiras.