Os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) participam neste domingo (16) do primeiro debate do segundo turno das Eleições 2022. O encontro é organizado por TV Bandeirantes, TV Cultura, UOL e Folha de S. Paulo.
No primeiro bloco, os dois candidatos responderam a uma mesma pergunta sobre orçamento. Depois, debateram em confronto direto sobre temas como a gestão federal na pandemia de Covid, o pagamento de auxílios como Bolsa Família e Auxílio Brasil e as obras realizadas em governos anteriores.
No segundo bloco, questionados por jornalistas, Lula e Bolsonaro trataram de temas como propostas para mudar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF), preços dos combustíveis, divulgação de fake news e relação com o Congresso, além da acusação de suposta pedofilia por parte Bolsonaro – repudiada pelo candidato.
O debate tem duração prevista de uma hora e 40 minutos de duração e acontece duas semanas antes da votação de segundo turno para presidente, marcada para 30 de outubro.
O candidato eleito em segundo turno toma posse no cargo no próximo dia 1º de janeiro, em cerimônia no Congresso Nacional. Desta vez, o mandato presidencial terá quatro dias a mais: uma reforma eleitoral aprovada em 2021 definiu que, em 2027, a posse presidencial será em 5 de janeiro.
Auxílio Brasil x Bolsa Família
Logo no primeiro trecho do confronto direto, Jair Bolsonaro usou parte do tempo para comparar o Bolsa Família, criado na gestão PT, com o Auxílio Emergencial pago na pandemia e o Auxílio Brasil criado para suceder o Bolsa Família no ano passado.
“Só de Auxílio Emergencial, em 2020, nós gastamos o equivalente a 15 anos de Bolsa Família. O Bolsa Família pagava muito pouco, eu tinha vergonha de ver as pessoas mais humildes especial do Nordeste, do interior do Nordeste recebendo, algumas famílias começando a receber R$ 42 reais. Se podia dar algo melhor, como tá dizendo agora, por que que não deu lá atrás?”, disse Bolsonaro.
Em resposta, Lula citou outras medidas de assistência social adotadas pelo governo federal entre 2003 e 2010, quando era presidente.
“O nosso programa de inclusão social não era só o Bolsa Família. O nosso programa de inclusão social foi a maior política de distribuição de renda que esse país já conheceu para o pobre. Era ajuda ao pequeno produtor rural, era 1,4 milhão de cisternas que nós fizemos para o Nordeste. Era o Pnae [programa de alimentação escolar] para levar comida para as crianças mais pobres, e a gente comprava do pequeno produtor. Além do aumento do salário mínimo de 74%”, enumerou.
Conduta na pandemia
Na primeira rodada de confronto direto, Lula questionou Bolsonaro sobre a conduta do governo na pandemia. Até este domingo, o Brasil contabilizava 687.195 mortes pela Covid.
“A sua negligência fez com que 680 [mil] pessoas morressem quando mais da metade poderia ter sido salva. A verdade é que o senhor não cuidou, debochou, riu, desacreditou a vacina. […] O senhor gozou das pessoas, imitou as pessoas morrendo afogadas por falta de oxigênio em Manaus. Não tem na história de nenhum governo no mundo alguém que brincou com a pandemia e com a pandemia como você brincou”, disse Lula.
Em resposta, Bolsonaro citou a ocasião em que Lula disse “ainda bem” ao se referir ao papel da Covid-19 em demonstrar a necessidade do Estado. E defendeu a política do governo contra o vírus.
“A primeira vacina no mundo foi aplicada em dezembro de 2020. Em janeiro do ano seguinte, um mês depois. O Brasil começou a vacinar. Nós compramos mais de 500 milhões de doses de vacina. E todos aqueles que quiseram tomar vacina, tomaram. E o Brasil foi um dos países que mais vacinou no mundo e em tempo mais rápido. Então, o senhor se informe antes de fazer acusações levianas e mentirosas”, disse Bolsonaro.
Lula questiona Bolsonaro sobre sigilos
Lula disse que Bolsonaro coloca tudo “sob sigilo” e ressaltou que, se eleito, vai colocar transparência sobre os sigilos do adversário para que o povo brasileiro tome ciência das ações tomadas por Bolsonaro. O candidato à reeleição não respondeu o questionamento sobre os sigilos e continuou falando sobre corrupção na Petrobras. Lula admitiu que houve corrupção na estatal porque há pessoas que confessaram os crimes, mas ressaltou que para combater os atos ilícitos “não precisava quebrar a Petrobras”.
Bolsonaro questiona Lula sobre petrolão
Bolsonaro disse que o petrolão foi “o maior esquema de corrupção da história da humanidade”, que provocou o “endividamento” da Petrobras. Em sua resposta, Lula disse que foi responsável por fazer a capitalização de R$ 70 bilhões da Petrobrás e transformou a estatal “na segunda maior empresa de energia do mundo”, o que tornou o Brasil um país “autossuficiente”. O petista disse que prenderam quem roubou a Petrobras porque houve
Bolsonaro debate sobre Educação
Bolsonaro disse ser contra que os alunos deixassem de frequentar as salas de aula na pandemia, apesar das recomendações e do risco de contrair covid-19. Ele disse que seu governo aperfeiçoou um aplicativo que “a garotada” pode usar no celular. “No tempo do Lula, a garotada levava três anos para ser alfabetizada, agora leva seis meses”, destacou. Bolsonaro atacou Paulo Freire e disse o educador, reconhecido e elogiado internacionalmente, “não deu certo”.
Lula debate sobre Educação
Em sua resposta, Lula disse que, se eleito, fará uma reunião com todos os governadores e os prefeitos das capitais para “iniciar uma discussão de como recuperar os alunos que estão com ensino atrasado”. O petista apontou que há 2 milhões de crianças com o ensino atrasado e afirmou ser preciso reverter esse dado. “Vamos ter que fazer um mutirão, convidar professores para que essa meninada possa aprender aquilo que deixaram de aprender na pandemia”, falou, ressaltando que os pobres são os mais prejudicados.
Fonte: globo.com