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A ciência fazendo história

Por estes dias, precisamente a 26 de setembro de 2022,um fato de grande significado científico aconteceu a cerca de 11 milhões de quilômetros do planeta azul o qual habitamos. A nave norte-americana Dart (acróstico de ‘Teste de Redireciomento de Duplo Asteroide’, em português), lançada em 2021 rumo a um ‘asteroide duplo’ conseguiu seu almejado objetivo: atingir a 22 mil quilômetros por hora o menor dos asteroides da dupla, Dimorphos (163 m de largura), e que gira em torno de um centro de massa do outro corpo maior, Didymos (780 m de largura).

A missão tinha como objetivo geral estudar a possibilidade de desviar corpos celestes em eventuais rotas de colisão com a Terra. Como é sabido, diariamente dezenas de pequenas pedras espaciais atraídas pela gravidade de nosso planeta queimam na atmosfera e raríssimas conseguem chegar ao solo relativamente inteiras. Contudo, a extinção dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás, ao que tudo indica deveu-se à colisão de um asteroide contra nosso planeta.

Outro evento muito conhecido – e revelador da nossa fragilidade – foi a queda do asteroide de Chelyabinsk, cidade russa, que sofreu o impacto em 15 de fevereiro de 2013, deixando muitas pessoas feridas e causando muitos danos materiais devido a onda de choque. Na verdade, a Terra possui apenas sua atmosfera como única barreira para minimizar os danos causados por asteroides.

Eis que agora, a ciência nos apresenta novas possibilidades de defesa contra corpos celestes errantes. Os custos do projeto são da ordem de 1,7 bilhão de dólares e nesse ponto os simplórios alegam que é perda de dinheiro que poderia ser usado para acabar com a fome no mundo, blá, blá, blá. Santa ignorância. O problema da fome do mundo, não é questão de dinheiro (ou da falta de), mas de decisões político-econômicas advindas do sistema capitalista.

Voltando ao DART: Nos próximos dias saberemos, após a conferência da enxurrada de cálculos necessários para matematizar a missão. Os cientistas querem saber se o pequeno Dimorphos reduziu o tempo de sua órbita em 10 minutos (atualmente ela é de 11 horas e 55 minutos) após o impacto com a nave. Já há algumas constatações. Sabe-se que o impacto foi exitoso, embora tenha acontecido a 17 metros do ponto previamente mirado.
Tudo foi filmado pela câmera da própria nave suicida, por dezenas de telescópios com base na terra e espaço (James Webb e Hubble), pelo cubesat italiano Liciacube, um satélite acoplado à nave e que dela apartou-se dia 11 de setembro, filmando tudo a 55 km de distância.

Em 2024 o novo projeto da ESA (agência Espacial Europeia) denominado Hera visitará a dupla de asteroides para fazer outras medidas e cálculos atualizados, segundo a NASA. É a ciência fazendo História sob nossos narizes. Outro fato importantíssimo para mim nesse 29 de setembro é o aniversário de 92 de minha mãe, dona Lilita rs rs rs.

Ernâni Getirana é professor, poeta e escritor. Autor do livro “Debaixo da Figueira do Meu Avô”, dentre outros. Escreve para essa coluna sempre à quintas-feiras.

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