Senti inveja das formigas
pela competência
em distribuírem tarefas
sem rebaixar e nem enaltecer
nenhuma delas em particular
mas reconhecerem o valor de cada uma

Senti inveja das flores
por não se intimidarem
com o tamanho do jardim
seja grande ou pequeno
cada uma sabe a importância
do seu lugar

Senti inveja das raízes
pela humildade
com que sustentam a árvore
mesmo sabendo que sem elas
não haveria vida
não se sentem diminuídas
ao viverem sob o solo

Senti inveja dos girassóis
que nos dias sem sol
voltam- se uns para os outros
sem ofuscar a luz
do que está mais próximo
mas absorvem
e ofertam suas luzes
iluminando o chão que os sustentam

Confesso:
senti inveja!
Pecado!?
Não sei!
Do homem?
Sinto medo!
Medo por vê-lo
ter diante de si
tantas lições de vida
e permanecer indiferente ao amor
.
Socorro Almeida(*) 15/04/2022
(*) Maria do Socorro Almeida é professora aposentada, acadêmica da APLA – Academia Pedrossegundense de Letras e Artes – , criadora com outras pessoas do projeto ecoartístico “Mudando a Cara da Rua”, na cidade de Pedro II, PI.
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Ernâni Getirana é professor, poeta e escritor. É autor, dentre outros, do livro “Debaixo da Figueira do Meu Avô”. Escreve para esta coluna às quintas-feiras.