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segunda-feira, setembro 30, 2024
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Deixai vir a mim as criancinhas

Confesso que um frio correu-me pela espinha quando minha mulher, coordenadora de uma escola mantida por uma instituição com base na Alemanha, me sapecou pelo celular:

– Estamos lhe esperando para a palestra em quinze minutos!

Ela, na verdade, estava apenas repetindo pela enésima vez o convite que vinha fazendo desde o fim de semana. O tema? Folclore, claro. Dia 22/08 é o dia do folclore. Seria a quinta palestra que daria só naquela semana. Mas então, por que estava tão assustado? Simples, os alunos de minha mulher são crianças entre 3 e 5 anos de idade. Quarenta e tantos deles e delas. Meu Deus, não serei capaz de segurar estes pimpolhos por mais de… 30 segundos e, olhem, mesmo assim teria séria concorrência com o TikTok.

Respirei fundo, entrei no carro e fui ao encontro dos vulcõezinhos (as fotos aí de cima não me deixam mentir). Se gostei? Adorei! Não teve TikTok que fizesse nem cócegas na minha conversa afobada com os pequeninos.

Sim, falei das lendas brasileiras, minha cabeça pegou fogo com a Mula Sem Cabeça, pulei numa perna só com o Saci, me encantei com a Iara, sofri com o Negrinho do Pastoreio. Mas também tremi de medo dos ‘Chora-chora do Tamboril’, corri da “Mulher de Branco”, ouvi os esturros da Baleia debaixo da Igreja (algumas lendas locais de um livro meu – Lendas da Cidade de Pedro II).

A meninada? Participou freneticamente de tudo o que falei (sem microfone). O papo deve ter levando uns trinta minutos (te cuida, TikTok! Na despedida ganhei abraços e ‘murrinhos de mãos” (sabe como é, aquele gestual herdado da COVID19). Sim, usamos máscara o tempo todo (o exemplo é que salva!). Ganhei um barbeador de presente (como adivinharam que eu estava precisando de um por baixo da máscara?). Ah, sim, minha mulher sabia.

Antes de sair mesmo do colégio, me deram um lanche. Me despedi e saí. Lá fora, na rua, já havia pais e mães esperando os seus filhinhos e filhinhas. Os cumprimentei com um sonoro “bom dia”. Responderam em uníssono.

À noite estava um pouco cansado, mas feliz. Sobretudo quando começaram a chegar as tais fotografias pelo zap! Viva o folclore !!! Ano que vem volto lá de novo!

Ernâni Getirana é professor, escritor e poetas. É autor, dentre outros livro de “Lendas da Cidade de Pedro II” 4ª Ed. Escreve às quintas-feiras para esta coluna. @ernanigetirana

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