Pressionado por partidos da terceira via para desistir de sua pré-candidatura ao Planalto, o ex-governador João Doria (PSDB) deu declarações contraditórias nesta sexta-feira, 20, sobre seu futuro político durante visita a Goiás. Primeiro, afirmou estar “dialogando” ao ser questionado por jornalistas se aceitaria ser vice da senadora Simone Tebet (MDB-MS) na disputa presidencial.
“Estamos dialogando, sempre conversando. O diálogo é a base da democracia”, disse em Trindade. Ao se encontrar com filiados do partido em Goiânia, no entanto, o ex-governador declarou que “não conversou e não conversa” com nenhuma outra sigla.
Nesta semana, os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania deram aval ao nome de Simone Tebet, mas a indicação ainda precisa ser referendada pelas executivas nacionais dos partidos.
“Não tenho, não tive e não terei outro partido”, afirmou Doria aos presentes na reunião, em tom muito mais incisivo do que o utilizado na agenda anterior, em Trindade. “Dezoito mil pessoas votaram em nosso nome e vencemos as prévias. Ninguém tem o direito de desmerecer, desqualificar e não atender o anseio daqueles que fazem o nosso partido, vocês militantes do PSDB”, disse.
Acompanhado do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), Doria afirmou que se reunirá com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo no domingo, 22, em São Paulo, para discutir a viabilidade da candidatura. Ainda assim, o ex-governador tucano “avalia” a possibilidade de recorrer à Justiça para garantir sua participação na disputa à Presidência. “Com paz e entendimento se faz a boa política”, afirmou.
Nesta quinta-feira, PSDB, MDB e Cidadania divulgaram nota conjunta para reforçar a necessidade de união das siglas e citou falas antigas de Simone Tebet e João Doria, em que se diziam dispostos a participar do processo de escolha de um nome único. No entanto, apesar da revelação oficial estar marcada para terça-feira, 24, o nome da senadora emedebista já é tido pela cúpula dos partidos como o representante da articulação, e o PSDB sinaliza que deve ignorar o resultado das prévias vencidas pelo ex-governador paulista.
Doria tenta aglutinar apoio dentro do próprio partido. Em Goiás, o presidenciável conta com o aval das lideranças do Estado, representadas por Perillo.
“Eu apoio o candidato do meu partido, defendo que o PSDB tenha nome nas eleições e não vou apoiar um candidato que não seja do PSDB”, disse Marconi à imprensa. Para o ex-governador de Goiás, o desrespeito às prévias “enfraquece” a sigla.
O aval da cúpula de PSDB, MDB e Cidadania ao nome de Tebet, questionado pela ala defensora de João Doria, teria como base os índices de rejeição da senadora, menores que o do tucanos, segundo pesquisas de intenção de voto. Os três partidos encomendaram um levantamento do Instituto Guimarães de Pesquisa e Planejamento (IGPP). A movimentação em prol da senadora desagrada, inclusive, ao grupo do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), também apoiador de candidatura própria, mas não com Doria na chapa.
Em Goiás, Doria cumpriu agendas em Trindade, onde esteve no santuário e na Vila São Cottolengo, e em Goiânia, para reunião fechada com lideranças tucanas locais no Hotel Plaza Inn Augustus. O ex-governador de São Paulo defendeu o diálogo para que o País “não tenha apenas duas opções”, numa referência à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Fonte: R7.com