Enviado de Portugal para conter todo e qualquer movimento pela independência do Brasil, João José da Cunha Fidié era um militar experiente, que contava no currículo a participação nos confrontos com o exercito francês de Napoleão Bonaparte. Naquele momento estava em Oeiras, que era a capital da província do Piauí.
No dia 19 de outubro de 1822, pouco mais de um mês após o Grito do Ipiranga, um grupo de parnaibanos, tendo à frente Leonardo Castelo Branco, Simplício Dias e Miranda Osório, torna São João da Parnaíba a primeira vila do Piauí a se levantar a favor da independência. O que levou Fidié a seguir para aquela localidade a fim de abafar o movimento. Nem bem por lá aquele chegou, foi a vez de Oeiras declarar a adesão ao movimento da independência, no dia 24 de janeiro de 1823, por ação de um grupo comandado por Manoel de Sousa Martins, que se tornaria o Visconde da Parnaíba, e que naquele mesmo dia do início do movimento passou ocupou a administração do Piauí Imperial, como seu primeiro Presidente Provincial. Isso obrigou ao enfurecido Fidié retornar a Oeiras. Porém, já em Piracuruca tiveram início os combates com tropas do Ceará e do Piauí, que alcançou o ponto alto em Campo Maior, onde se deu a Batalha do Jenipapo, impedindo as tropas portuguesas de regressar a Oeiras e assim por fim ao movimento separatista.
Historiadores que se aprofundaram mais em pesquisas sobre o tema, a exemplo de Odilon Nunes, afirmam que Fidié foi enviado ao Piauí pela coroa portuguesa para conter os levantes e assim manter o Norte do Brasil fiel a Portugal. Contudo, para cá viera somente na companhia de um ajudante de ordem, formando um exército com mercenários recrutados na região – na maioria eram piauienses.
Pois bem. Mais experientes, o exército de Fidié venceu o confronto, uma vez formado por uma artilharia bem aparelhada, enquanto os adversários utilizavam em geral utensílios agrícolas – enxada, foices, facões… Porém, a astúcia dos bravos nacionalistas fez com que fosse roubado o suprimento de guerra dos comandados de Fidié – armas, munição, dinheiro e alimentos –, que se viu enfraquecido e fugiu para o Maranhão, atravessando o Rio Parnaíba na altura do Estanhado – hoje o progressista Município de União.
De acordo com o saudoso Padre Cláudio Melo, historiador consagrado, o roubo do suprimento de guerra de Fidié foi arte dos “combatentes” oriundos do Ceará, que vieram na retaguarda dos portugueses, a partir de Piracuruca. Sem o suprimento de guerra, Fidié foi refugiar-se no Maranhão, onde não resistiu aos embates e acabou preso, enviado ao Rio de Janeiro e deportado para Lisboa.
Além da Batalha do Jenipapo, outras lutas pela independência do Brasil ocorreram naqueles anos. A mais longa e das mais sangrentas se deu na Bahia, iniciada ainda antes do Grito de Ipiranga. Lá o conflito começou sete meses antes da declaração de Pedro I, no dia 19 de fevereiro de 1822, e terminou a 2 de julho de 1823. Deixou um saldo de 150 mortos.
A do Jenipapo durou apenas um dia, e levou a vida de 200 piauienses.