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Putin comanda teste de forças nucleares

Um dia após ser acusado formalmente pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas de planejar a invasão da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, resolveu puxar a carta nuclear na crise que se arrasta desde o fim do ano passado.

O fez do tradicional modo russo: o Ministério da Defesa anunciou que o líder irá comandar pessoalmente neste sábado (19) um grande exercício “já previsto” envolvendo as forças estratégicas de seu país, incluindo o lançamento de mísseis balísticos e de cruzeiro com capacidade nuclear.

“O exercício de forças de dissuasão estratégica estava planejado anteriormente para checar o preparo do comando militar e de centros de controle, equipes de lançamento de combate, de navios e de mísseis estratégicos para tarefas designadas, assim como a confiabilidade das armas nucleares e não nucleares das forças estratégicas”, diz o comunicado.

O palavrório resume uma das “medidas de caráter técnico-militar” que o Kremlin prometeu adotar na sua resposta à rejeição americana de seus termos para tentar driblar a crise em seus termos, no caso impedindo a entrada a Ucrânia na Otan (aliança militar ocidental), na quinta (17).

Putin não quer, por motivos óbvios de apocalipse, ameaçar uma guerra com armas atômicas. Mas quer lembrar o Ocidente do arsenal que comanda, no momento em que seus repetidos anúncios de retirada de parte dos talvez 150 mil soldados que mobilizou em torno da Ucrânia são chamados de farsa por autoridades americanas e europeias.

Os exercícios russos envolverão forças terrestres do Distrito Militar Sul, que faz fronteira com a Ucrânia, e de duas frotas, a do Norte e a do Mar Negro —esta baseada na Crimeia, nas águas que banham a região em conflito.

Segundo o analista militar russo Ivan Barabanov disse à Folha, há a possibilidade de lançamento de um míssil hipersônico naval Tsirkon, uma da “armas invencíveis” desveladas por Putin em 2018. Ele pode ter capacidade nuclear, mas sua função primária não é estratégica, mas tática: afundar navios. Mas a tecnologia envolvida o transforma em uma joia a mostrar.

“Esses treinamentos são comuns, mas obviamente o contexto é outro”, afirmou.

Ao mesmo tempo, no sentido de tentar demonstrar desescalada, os russos anunciaram e postaram vídeos de mais retirada de forças das regiões sob tensão. Ao menos dez caças-bombardeiros Su-24 baseados na Crimeia foram enviados para outras bases, e mais um trem com tropas e equipamentos deixou a península anexada em 2014 da Ucrânia pela Rússia, segundo o governo.

Fonte: Folhapress

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