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Vendas do comércio caem 3,1% em agosto

Queda foi a mais intensa para meses de agosto da série histórica da pesquisa do IBGE, que teve início em 2000. Com o resultado, setor retrocede para o patamar de julho de 2020.

As vendas do comércio varejista caíram 3,1% em agosto, na comparação com julho, revertendo os ganhos do mês anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

(Correção: ao divulgar a pesquisa, o IBGE informou que a queda registrada em agosto era a primeira após quatro meses seguidos de alta. A informação estava errada, uma vez que o setor recuou 1,1% em junho, e o instituto corrigiu o dado. O texto foi corrigido às 9h50)

A queda foi a mais intensa para os meses de agosto da série histórica da pesquisa, que teve início em 2000. Foi também o maior recuo mensal desde dezembro de 2020 (-6,1%).

Vendas do comércio em agosto — Foto: Economia g1

Na comparação com agosto do ano passado, as vendas recuaram 4,1%, o primeiro recuo após cinco meses de taxas positivas.

Com a mudança de rota, o patamar de vendas do varejo volta a recuar, retrocedendo ao nível de julho de 2020. Segundo o IBGE, o nível de atividade do setor está 4,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2020.

O resultado veio pior do que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que as expectativas eram de altas de 0,7% na comparação mensal e de 2% sobre um ano antes.

“Vários elementos em conjunto contribuem para a taxa negativa. O primeiro é a trajetória anterior, que fez com que o patamar do comércio ficasse mais elevado e muito próximo do recorde. A inflação também continua sendo importante para o resultado, isso fica claro quando se compara com a receita. Também chama a atenção o mercado de trabalho. Teve queda na taxa de desocupação, mas maior ainda na renda. E isso tira capacidade de consumo”, afirmou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

O IBGE realizou uma forte revisão dos dados dos últimos meses. Em julho, frente a junho, o comércio tinha avançado 1,2% inicialmente, mas o dado foi revisado para alta de 2,7%. Já o dado de junho foi atualizado para queda de 1,1% em vez da leitura anterior de alta de 0,9%.

“O índice de julho, que estava no maior valor da série desde então, foi revisado para baixo e se encontra abaixo dos níveis de outubro e novembro do último ano”, observou Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais.

Recuperação do setor perde fôlego

A média móvel do trimestre encerrado em agosto (-1,3%) também inverteu a trajetória ascendente do trimestre encerrado em julho (0,6%).

Com o resultado de agosto, o varejo acumula alta de 5,1% no ano. Em 12 meses, o avanço desacelerou para 5%, contra 5,9% nos 12 meses anteriores. Veja gráfico abaixo:

Indicador acumulado em 12 meses recua após 6 meses em trajetória ascendente — Foto: Economia/g1

Veja o desempenho de cada um dos segmentos em agosto:

  • Combustíveis e lubrificantes: -2,4%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,9%
  • Tecidos, vestuário e calçados: 1,1%
  • Móveis e eletrodomésticos: -1,3%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,2%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -1%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -4,7%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -16%
  • Veículos, motos, partes e peças: 0,7% (varejo ampliado)
  • Material de construção: -1,3% (varejo ampliado)

Em 12 meses, apenas os segmentos de livros, jornais e papelaria (-25,2%) e de material para escritório e informática (-2,7%) acumulam perdas. Os maiores avanços são em outros artigos de uso pessoal e doméstico (21%) e em material de construção (15,9%).

O que mais caiu

Segundo o IBGE, as vendas encolheram em agosto em seis das oito atividades pesquisadas, com destaque para outros artigos de uso pessoal e doméstico (-16,0%), que teve a principal influência negativa sobre o resultado do comércio varejista. Essa atividade é composta, por exemplo, pelas grandes lojas de departamento.

“Foi um setor que sofreu bastante no início da pandemia, mas se reinventou com a reformulação das suas estratégias de vendas pela internet. Isso culminou com crescimentos expressivos, principalmente em julho (19,1%) com o lançamento das plataformas de marketplace. Com muitos descontos, o consumidor antecipou o consumo em julho, fazendo com que o mês de agosto registrasse uma queda grande de 16%”, explicou o gerente da pesquisa.

Também houve queda nas vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,7%), combustíveis e lubrificantes (-2,4%), móveis e eletrodomésticos (-1,3%), livros, jornais, revistas e papelaria (-1,0%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,9%).

Hiper e supermercados, assim como combustíveis e lubrificantes, vêm sendo impactados pela escalada da inflação nos últimos meses, o que diminui o ímpeto de consumo das famílias e empresas”, destacou Santos.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 2,5% em agosto. A atividade de veículos, motos, partes e peças teve aumento de 0,7%, enquanto material de construção caiu -1,3%. O acumulado no ano ficou em 5,1% e o acumulado em 12 meses, em 5%, ante 5,9% em julho.

Vendas caem em 24 unidades da federação

Na passagem de julho para agosto, houve queda nas vendas em 24 das 27 unidades da federação, com destaque para: Rondônia (-19,7%), Paraná (-11,0%) e Mato Grosso (-10,9%). Por outro lado, no campo positivo, figuram 3 das 27 Unidades da Federação: Ceará (2,0%), Maranhão (1,0%) e Roraima (0,3%).

No comércio varejista ampliado, a queda foi seguida por 20 estados, com destaque para Amapá (-9,2%), Paraná (-9,0%) e Rondônia (-7,4%).

Perspectivas

Em nota, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) destacou que o volume de vendas do varejo ainda segue 2,2% acima do observado em fevereiro de 2020, mas avaliou que o resultado negativo de agosto coincide com o registro da maior taxa mensal de inflação dos últimos vinte anos, e “lança dúvidas sobre a capacidade do varejo em sustentar o ritmo de reação apenas com base na queda do isolamento social esperada para os próximos meses”.

Após a decepção com o resultado de agosto, a CNC reduziu de 4,9% para 4,6% sua previsão para a variação do volume de vendas do comércio varejista em 2021.

Na avaliação do economista da Necton André Perfeito, a leitura preliminar dos dados é muito ruim e deve levar a novas revisões para baixo do desempenho da economia em 2021 e 2022. “A mistura de inflação persistente com atividade fraca irá jogar ainda mais pressão sobre a classe política para tentar “fazer algo” e isto pode gerar ruídos ao longo dos próximos dias. A dinâmica se torna mais desafiadora”, disse.

A recuperação da economia brasileira tem perdido fôlego nos últimos meses em meio a um cenário de incerteza ainda elevada diante da escalada da inflação, de agravamento da crise hídrica e deterioração das expectativas para o desempenho da economia em 2022.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu em setembro, interrompendo uma sequência de 5 altas mensais, segundo termômetro da Fundação Getúlio Vargas.

Nesta terça, o IBGE mostrou que a a produção industrial caiu 0,7% em agosto, na terceira retração mensal consecutiva.

A expectativa do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2021está atualmente em 5,04%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, após tombo de 4,1% em 2020. Para 2022, a média das projeções está em 1,57%.

Já a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país no ano, subiu para 8,51%. Para 2022, a projeção está em 4,14%.

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