Conhecido por comandar campanhas políticas vitoriosas, o publicitário Duda Mendonça morreu em São Paulo aos 77 anos. A informação foi confirmada por pessoas próximas ao publicitário.
Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo, desde junho. Ele deixa quatro filhos e a esposa, Aline Mendonça.
Essa era a segunda vez este ano que o publicitário passava pelo Sírio. De acordo com GloboNews, ele tratava um câncer e foi diagnosticado com covid-19.
Por enquanto, o hospital não confirma a morte do publicitário por recomendação da família, que desde a internação proibiu a divulgação de boletins médicos.
Projeção nacional
Duda ganhou fama em 1992, quando repaginou a imagem de Paulo Maluf (PP) e o levou a uma campanha vitoriosa à Prefeitura de São Paulo. Mas é conhecido principalmente por ter comandado a primeira campanha eleitoral à Presidência da República vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2002, com o slogan “Lulinha, Paz e Amor”.
Mas Duda também fez história em campanhas com Ciro Gomes (PDT), no Ceará, Miguel Arraes, em Pernambuco, Paulo Skaf (MDB), em São Paulo, e até com o ex-primeiro-ministro de Portugal, Pedro Santana Lopes.
Mensalão
A imagem de Duda acabou arranhada durante o escândalo do mensalão, ainda no governo Lula, quando foi acusado de usar uma offshore nas Bahamas para receber pelos serviços prestados ao PT.
Em 2005, ele confessou à CPI dos Correios ter recebido, via caixa 2, um total de R$ 10,5 milhões pela campanha que elegeu Lula. O crime, no entanto, seria o de sonegação fiscal e não o de lavagem de dinheiro, segundo sua defesa. Por essa razão, pagou ao fisco R$ 4,8 milhões.
Embora tenha virado réu, terminou absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2012 por falta de provas de que ele teria conhecimento sobre a origem do dinheiro. Também não ficou provado que ele tivesse a intenção de ocultar a verba.
O nome do marqueteiro voltaria às manchetes em 2016, quando acabou envolvido na Operação Lava Jato. A suspeita, delatada por executivos da Odebrecht, era de que ele teria recebido R$ 10 milhões para o grupo político do então presidente Michel Temer (MDB).
No ano seguinte, ele assinou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Suas revelações trataram de supostas irregularidades na contratação de gráficas que prestaram serviço à campanha eleitoral de 2014 de Dilma Rousseff (PT) e Temer.
Ex-corretor de imóveis
Antes de trabalhar com marketing político, Duda Mendonça chegou a cursar administração na UFBA (Universidade Federal da Bahia). Ele acabou abandonando o curso para trabalhar como corretor de imóveis. Suas ideias para promover as vendas acabaram despertando nele o interesse pela publicidade.
Em 1975 ele finalmente cria a agência DM9 Propaganda, quando passa a atender justamente a imobiliária para a qual havia trabalhado. Ele iniciou no marketing político em 1985 ao cuidar da campanha de Mário Kertész para prefeito de Salvador usando um coração como símbolo.
Após receber diversos prêmios nos anos seguintes, Duda aceita Domingos Logullo e Nizan Guanaes, ex-estagiário da agência, como sócios em 1988, quando abre um escritório em São Paulo.
Em 1992, ele aproveitou na campanha de Paulo Maluf para a Prefeitura de São Paulo a mesma ideia do coração como símbolo. Ao vencer a disputa, ganha projeção nacional. Sua ascensão chega ao auge em 2002, quando leva Lula à vitória eleitoral depois de amargar três derrotas consecutivas.
Antes de ter seu nome envolvido no mensalão, Duda Mendonça foi preso em outubro de 2004 durante uma operação da Polícia Federal contra rinhas de galo em um sítio na zona oeste do Rio de Janeiro. O flagrante surpreendeu 200 pessoas, incluíndo o marqueteiro.
Baiano nascido em 1944, Duda foi lembrado por Rui Costa (PT), governador da Bahia:
Fonte: Folhapress