Em depoimento de mais de 7 horas hoje à CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta expôs alertas e uma série de discórdias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perante a condução do governo federal no enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Ao longo da fala, Mandetta – que não descarta se candidatar ao governo de Mato Grosso do Sul ou à Presidência da República em 2022 – buscou ressaltar que as ações à frente do Ministério da Saúde se basearam em evidências científicas, que várias sugestões não foram seguidas pela Presidência e como a atitude do presidente teve “impacto” para a situação da pandemia no país. No entanto, evitou fazer ataques diretos ao presidente.
“Nós [do Ministério] não tomamos nenhuma medida que não tenha sido pela ciência” e “todas as nossas orientações foram assertivas, foram pela ciência”, acrescentou, em outros momentos.
Segundo Mandetta, apesar de Bolsonaro aparentemente entender as sugestões apresentadas, o presidente atuava de maneira contrária dias depois.
O presidente da República costuma se opor ao uso de máscara de proteção facial, ao isolamento social e já desdenhou de quem cobrava a compra de vacinas contra a covid-19. Mandetta afirmou que fazia alertas a Bolsonaro, inclusive com projeções de óbitos, e disponibilizou à CPI uma carta enviada a Bolsonaro em março de 2020 em que aconselhou que a Presidência da República revisse seu posicionamento.
O ex-ministro afirmou que o presidente contava com um aconselhamento paralelo constante, com a participação dos filhos políticos e de assessores de fora do Ministério da Saúde. O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), inclusive, esteve em diversas reuniões sobre a pandemia tomando notas, relatou.
Mandetta afirmou que o governo federal não quis promover uma campanha oficial contra a covid-19 e, devido à falta de um plano de comunicação, passou a conceder entrevistas diárias. Nas ocasiões, ele prestava informações, dava orientações e tirava dúvidas da imprensa.
Fonte: Folhapress