Os governadores do Nordeste divulgaram nesta sexta-feira (12) uma carta endereçada ao presidente Jair Bolsonaro, repudiando a fala em que ele incentiva, em live transmitida nas redes sociais, a invasão de hospitais públicos e de campanha para checar se os leitos estão de fato livres ou ocupados.
De acordo com o governador do Piauí, Wellington Dias, as atitudes do presidente continuam a se mostrar inconsequentes.
“Já não encontro palavras para classificar atos como esse vindos do presidente, estimulando pessoas a invadir hospitais. É um desrespeito com os pacientes que correm risco de vida, aos profissionais de saúde e à população que precisa e deve estar em casa se cuidando. O que esperamos do presidente é o apoio efetivo para a integração entre municípios, estados, Governo Federal e setor privado para que possamos ter um plano capaz de sinalizar para o Brasil um caminho para vencer o coronavírus”, disse o governador do Piauí, Wellington Dias.
De acordo com o que os governadores expuseram na carta, no último episódio, o presidente da República usa as redes sociais para incentivar as pessoas a invadirem hospitais, indo de encontro a todos os protocolos médicos, desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde.
“O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas, bem como a estimular agressões contra jornalistas e veículos de comunicação, violando a liberdade de imprensa garantida na Constituição”, dizem.
Na carta, os governadores também levantam suspeita sobre a lisura das operações da Polícia Federal, que tem atingido governos estaduais em meio à pandemia. “
Além de tudo isso, instaura-se no Brasil uma inusitada e preocupante situação. Após ameaças políticas reiteradas e estranhos anúncios prévios de que haveria operações policiais, intensificaram- se as ações espetaculares, inclusive, nas casas de governadores, sem haver sequer a prévia oitiva dos investigados e a requisição de documentos. É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados e governadores de tudo saberiam, inclusive quanto a produtos que estão em outros países, gerando uma inexistente responsabilidade penal objetiva”, pontuam.
Por fim, os governadores se colocam à disposição para fornecer todos os processos administrativos para análise de qualquer órgão isento, no âmbito do Poder Judiciário e dos Tribunais de Contas.
“Mas repudiamos abusos e instrumentalização política de investigações. Isso somente servirá para atrapalhar o combate ao coronavírus e para produzir danos irreparáveis aos gestores e à sociedade. Deixamos claro que defendemos sempre que necessárias, mas de forma isenta e responsável. E, onde houver qualquer tipo de irregularidade, comprovada através de processo justo, queremos que os envolvidos sejam exemplarmente punidos”, concluem.
Veja a Carta dos governadores
Da Redação
Com informações da CCOM