Preocupada com as dificuldades enfrentadas pelos segmentos produtivos do Estado do Piauí, que reclamam da dificuldade do acesso a recursos financeiros junto aos bancos privados, a Federação das Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI) divulgou um manifesto nesta quarta-feira (8) defendendo que as instituições financeiras também contribuam no enfrentamento da crise financeira provocada pela pandemia da Covid-19.
O manifesto é assinado por várias entidades representativas dos segmentos empresariais. A queixa mais comum tem sido em relação ao excesso de burocracia e as taxas de juros praticadas.
Para a FIEPI, os bancos podem colaborar muito mais neste desafio que o País enfrenta, visto que em outras crises mantiveram um lucro considerado alto, enquanto muitas empresas fecharam as portas.
Confira o manifesto da Fiepi
Manifesto: Os bancos também precisam dar a sua contribuição
A Federação das Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI) vem a público externar grande preocupação com as dificuldades que as empresas têm enfrentado para manutenção dos negócios, principalmente no que diz respeito ao acesso à recursos financeiros junto aos bancos privados.
Diante da instabilidade econômica registrada no país em razão da Pandemia da Covid-19 e de um cenário de incertezas em relação a retomada da rotina normal nos mais variados segmentos produtivos, a manutenção dos negócios e, consequentemente dos empregos, encontra mais uma grande barreira que é a falta de sensibilidade dos principais bancos privados que operam no país.
Alheios aos prejuízos financeiros acumulados por quem decidiu investir em um negócio, os bancos têm sido alvos de reclamação das empresas devido à dificuldade em negociação de dívidas e principalmente no acesso a linhas de crédito emergenciais autorizadas pelo Governo Federal.
Na contramão do bom senso, os bancos têm realizado processos excessivamente burocráticos e oferecido crédito com custos mais elevados que no período anterior à crise. O custo é 6% TLP, mais o spread de 1,25% do BNDES, acrescido do spread do banco repassador, que em alguns casos chega a 8%.
Para maioria das empresas as garantias exigidas pelos bancos e o aumento dos juros causados sobretudo pela avaliação de riscos, torna inviável qualquer operação de crédito.
O que os segmentos produtivos esperam do setor bancário é a sua taxa de contribuição para economia do país. Diante de outras crises os bancos conseguiram apresentar maiores lucros enquanto muitos estabelecimentos fecharam as portas no mesmo período. Nada mais justo que neste cenário da Covid-19 estas instituições financeiras possam dar sua contribuição.
Sem acesso ao crédito de forma ágil, flexível e com custos mais realistas, muitas empresas não irão sobreviver. Neste momento, 90% dos negócios já não têm mais capital de giro e para quem está precisando de uma UTI, um dia de burocracia pode significar a morte de um negócio e com ela o aumento do desemprego, mais custos para o país com assistência, menos arrecadação de impostos e consequentemente menos dinheiro circulando, o que também não interessa aos bancos.
A FIEPI e as entidades que subscrevem esse manifesto se posicionam de forma veemente contra a falta de sensibilidade dos bancos privados, que no momento em que os brasileiros mais precisam, elevaram os juros em todas as operações e dificultaram o acesso ao crédito por meio de burocracia excessiva.
Toda empresa tem uma responsabilidade. Um pouco de consideração e pensar um pouco nos outros, faz toda a diferença! Se somem aos esforços que o resto da população tem feito e juntos vamos superar essa crise.
Teresina, 7 de abril de 2020
Antonio José de Moraes Souza Filho
Presidente da Federação da Indústrias do Estado do Piauí
Subscrevem esse manifesto:
Raimundo Andrade dos Santos Júnior
Presidente do Centro das Indústrias do Estado do Piauí
Arthur Soares Feitosa Filho
Presidente do Movimento Empreender do Piauí
Francisco Reinaldo
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Teresina
Edgar Carneiro Machado
Presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica para o Estado do Piauí